A
Síndrome do Ninho Vazio é definida, em linhas gerais, como
o sofrimento devido à perda do papel e da função dos pais pela saída
dos filhos de casa. Normalmente são acompanhadas de alguns sintomas:
sentimento de solidão, desamparo, isolamento e tristeza. Não se deve ver esta sintomatologia como doença ou transtorno, deve antes ser entendida como um quadro comum e
característico deste período.
Normalmente os sintomas envolvidos nesta síndrome são pontuais, ou
seja, deixam de se manifestar aos poucos e isso ocorre quando se
estabelece uma nova rotina familiar. É claro que é preciso atenção à
extensão destes sintomas e, caso se prolonguem excessivamente e tragam
prejuízos para a vida social e familiar, é preciso procurar apoio.
Alguns factores podem ser agravantes na Síndrome do Ninho Vazio, por
exemplo, quando o afastamento dos filhos coincide com o período de
menopausa da mãe, que por si só já causa alterações hormonais e
emocionais que podem afectar o humor. Ou quando ocorrem em simultâneo com outras
situações de perda ou de mudanças significativas.
Outro factor a ter em conta é a personalidade ou mesmo as vivências de cada
indivíduo. A sua maneira de experimentar e lidar com a separação ou com
as mudanças de rotina podem ser facilitadoras ou, por outro lado, dificultar a separação. É também importante perceber quais os motivos que levaram à separação e a maneira como esta
separação ocorreu, pensando que além dos motivos mais banais, como
início de faculdade, casamento, ou outros, também pode ocorrer por morte ou discussão, o que pode tornar o processo ainda mais
doloroso.
Para o casal, esta fase de mudança de casa dos filhos pode ser uma verdadeira prova de fogo ao relacionamento. Uma relação positiva ajudará a superar melhor e mais depressa a situação enquanto que uma relação mais conflituosa e pouco consistente será um obstáculo a mais a ter em conta.
A segunda situação ocorre porque alguns casais, depois de terem
filhos e ao longo dos anos, “desaprendem” de conviver sozinhos, ou seja,
apenas na companhia um do outro, diminuindo a comunicação entre si e
voltando todas as atenções apenas para a criação dos filhos e manutenção
do lar. Assim, quando os filhos se mudam, o casal precisa reaprender a
conviver de forma quase instantânea, sendo mais uma situação nova para
lidar que agrava ainda mais a ansiedade da separação.
Uma boa dica então é não deixar a comunicação do casal arrefecer, mesmo
quando os filhos ainda são pequenos, pois assim o exercício da
convivência será mais natural e fácil de ser mantido mesmo após anos e
também após mudanças importantes na rotina. Invista sempre na relação
com seu parceiro, independente de os filhos já terem saído de casa
ou não: reservem um dia na semana para um programa a dois, façam coisas
que ambos gostem, prestem atenção às necessidades do outro,
cuidem de seu visual.
Outras dicas para lidar com a
Síndrome do Ninho Vazio:
- Executar antigos projectos, coisas que
você gostaria de ter mais tempo para fazer e antes não conseguia, exactamente para se sentir útil em outras actividades e não focar apenas
na perda da função materna ou paterna. Acima de tudo, estes novos projectos devem trazer prazer. Faça uma lista de tudo o que deseja
realizar e se dedique a isso.
- Atenção com o cuidado pessoal, como práticas de
exercícios físicos, alimentação equilibrada e cuidados estéticos. Todos
estes hábitos contribuem não só para a saúde do corpo, mas também da
mente, auxiliando no equilíbrio emocional.
- Adoptar um bichinho de estimação pode ser uma boa ideia, já que eles são óptimas companhias e exigem cuidados.
- Cuide da relação com seus filhos, estimulando a
independência e mostrando que você apoia esta nova fase que eles estão
vivendo. Procure evitar ligações ou visitas excessivas, o que pode soar
como invasão de privacidade e falta de confiança nas escolhas que eles
fazem agora sozinhos. Diminua as cobranças e os temidos “sermões” e
estimule agora a amizade entre vocês.
Veja a mudança dos filhos como algo positivo, um momento em que eles
terão a oportunidade de colocar em prática tudo o que aprenderam em
casa. Confie e apoie as escolhas deles.