27 de fevereiro de 2015

Foco de novo no objectivo


Ontem foi dia de neura por aqui por causa dos resultados da avaliação feita no nutricionista que ficaram aquém do que esperava. Adiei o treino e pensei em desistir desta luta inglória. Martirizei-me, tive pena de mim e comi o que devia e não devia. Passou. Assunto arrumado.
Hoje foquei de novo no objectivo. 
Acordei e resolvi que o tempo para choramingar acabou e que o importante é o que fazemos hoje e não o que fizemos no passado. Se os resultados não foram bons é porque tenho de me esforçar mais e de forma diferente. Já dizia o tio Einstein que "é loucura querer resultados diferentes fazendo tudo exatamente igual!
Por isso, enchi-me de coragem e fui treinar com a minha querida Carlota que apesar de me ter prometido que o treino ía ser duro foi benevolente e deixou-me fazer duas ou três batotas. Conversámos muito (tem uma paciência de job para me aturar!) e no fim ainda tive direito a um abraço.
Voltei!


Miguel

 

O caçula faz hoje anos. Onze. Mais de uma década! Parece mentira como o tempo passou a correr. Ainda ontem eras um bebé rechonchudo e chato como só tu. Nasceste com 4.750 Kg, e 54 cm, enorme, de olhos bem abertos e curiosos para o mundo. Não eras de todo o típico recém nascido quando nasceste, parecias maior, e mais consciente do mundo.

Acho que já antes referi que sou como as burras e faço gravidezes de 10 meses e por isso os piquenos têm de ser retirados, a bem ou a mal, quando se completam as 42 semanas e, mais uma vez, como aconteceu por altura dos outros partos, marcámos data.

No dia anterior, resolvi ir comprar uma roupa pequena, tamanho 0, para te vestir quando nascesses, para não ficares a boiar dentro do babygrow, como é costume. A previsão era que tivesses um peso médio, o que quer dizer mais ou menos 3,500 Kg e daí o tamanho 0. Fail! Eras enorme e quando chegou a hora de te vestir a tal primeira roupa não havia nada que te servisse. A enfermeira pedia uma roupa, experimentava e dizia "não dá, mãe". Outra tentativa e a mesma resposta" não dá, mãe" Terceira e quarta e nada. Conclusão, tiveste o privilégio de ter como primeira roupa uma linda bata do Hospital de Santa Maria, azul, com o logo do hospital impresso, a apertar atrás, que depois gamei para guardar como recordação.

A mala de roupa que levei para ti foi toda oferecida ao colega de quarto, o Rodrigo, que nasceu também nesse dia e que era um ratinho com menos de três quilos. Nova remessa de roupa foi pedida à avó que trouxe a que estava reservada para o mês seguinte. Havia romaria no hospital para ver o bebe grande. Era assim que eras carinhosamente tratado pelas enfermeiras e restante pessoal de serviço. Eras bonito, o mais bonito de todos!

Quando tivemos alta começou o tormento. Choravas, sem parar, durante 12-16 horas e nada te acalmava. Mamavas de duas em duas horas ou menos e esta rotina manteve-se por longos e penosos seis meses.
 Se tivesses sido o meu primeiro filho não teria tido coragem de ter mais nenhum. Foi uma verdadeira aventura, no mau sentido, claro. Sempre tinha olhado de lado aquelas mães que diziam que ter filhos era complicado, uma canseira e coiso e tal, que andavam de rastos e blá, blá ,blá. Pois, o karma é lixado. Tudo que duvidei que existisse de menos bom no nascimento de um filho aconteceu contigo.

Foste uma criança difícil desde sempre. Choravas que nem um desalmado, sem motivo nenhum. A empregada que tínhamos na altura, a Larissa, moldava, dizia "este menino tem um desconforto qualquer". Qual desconforto qual carapuça, o miúdo era chato mesmo. Se me contassem que havia crianças que choravam tanto e durante tantas horas seguidas eu não teria acreditado. Não gostavas de ninguém. Só eu ou o avô Rui te transmitiam alguma segurança. Se alguém olhava para ti na rua e te falava era um drama. Se eu tinha de te deixar por qualquer motivo, ficavas com febre até que eu aparecesse. Febres altas que não cediam nem com medicamentos nem com banhos nem com nada, apenas com a minha presença. Quando falei nisso ao pediatra ele disse que nunca tinha conhecido nenhuma criança tão pequena a fazer febres psicossomáticas, mas na verdade é que as fazias e não foi nem uma nem duas vezes, aconteciam sempre que te deixava. Não confiavas em ninguém a não ser mesmo na mãe e no avozinho querido.

As noites foram más até aos quatro ou cinco anos. Acordavas muitas vezes, choravas e chamavas acordando-me N vezes durante uma noite e não me deixando descansar convenientemente. Ainda hoje sonhas muito, falas e gritas e às vezes damos contigo levantado no meio do corredor. Rapidamente voltas para a cama quando mandamos e tenho a sensação que és até meio sonânbulo ou então ainda resquícios dos primeiros anos.

Foi contigo que percebi o que é o desespero de uma mãe. Tive de pedir ajuda muitas vezes. Pedir que te levassem para longe de mim porque eu não aguentava mais ouvir-te chorar e tinha medo de cometer uma loucura qualquer.
Foi uma primeira infância verdadeiramente de loucos. Já a gravidez tinha sido difícil. Cinco meses deitada com autorização para ir apenas à casa de banho e nada mais. O risco de aborto e parto foram constantes e as malditas contracções não nos largaram durante praticamente toda a gravidez.

O pediatra achava que esse inicio de vida complicado seria uma das causas para o teu desequilibro emocional nos primeiros tempos e eu acredito nisso, mas perceber o porquê é uma coisa e viver com a consequência outra totalmente diferente.

Continuas a ser o meu filho sensível, aquele que absorve as dores dos outros e do mundo e sofre com elas. Continuas a ser grande, comilão e atento ao mundo que te rodeia, mas hoje em dia és calmo e tranquilo e até nem és muito introvertido, gostas de ter amigos e não te importas de viver situações novas com desconhecidos. Gostas de brincar, como convém, mas não gostas lá muito de estudar o que é uma pena porque és esperto e podias ser melhor aluno se não fosses tão preguiçoso. Adoras jogar à bola e tens o sonho de ser futebolista mas não tens grande jeito para a coisa. O avô continua a ser uma pessoa importantíssima para ti mas, felizmente, conseguiste, entretanto, alargar o teu circulo intimo de confiança e és muito próximo dos manos. A Mónica é uma segunda mãe e o Bruno o herói e modelo que tentas imitar. Adoro vê-los  juntos porque têm uma cumplicidade muito vossa que me enche de orgulho. Também há discussões, amuos e guerras mas a relação é forte, de amor e protecção.
Tenho muito orgulho em ti e amo-te  de todo o coração. Sê feliz, meu filho!

26 de fevereiro de 2015

Shame on me

 

Ontem fui à consulta com o nutricionista e fiquei abalada com a noticia de ter engordado 800 gr. "Não fique assim, está a correr bem", dizia o Sérgio, tentando consolar-me. Pense assim - se engordar é ganhar gordura, emagrecer é perdê-la e a Sandra perdeu gordura e ganhou massa magra, portanto só tem de ficar contente com os resultados.
Tretas! Tudo tretas! Acho que ninguém compreende bem a dimensão da catástrofe que é para mim ver a m.... da balança acusar aumento de peso depois de todo o esforço que fiz e faço. Não é justo!
Hoje, tinha treino com a Carlota e desmarquei. Estou deprimida e não me apetece nada treinar. Acho que o esforço não tem sido proporcional aos resultados e começo a perguntar-me se valerá de facto a pena tanto empenho. Amanhã é um novo dia.



25 de fevereiro de 2015

Para as meninas do exercicio


Esta foi a minha última aquisição. Este feio e robusto soutien, de nome Shock Absorver, é fantástico, principalmente para correr. As duas amigas vão confortáveis e garanto que nada abana. Bem sei que não é assim barato, principalmente se compararmos com algumas peças para o mesmo efeito à venda nas grandes superfícies, mas não tem mesmo nada a ver. E apesar do preço, acho que sempre ficará mais em conta que próteses novas. Experimentei-o e fiquei fã.


24 de fevereiro de 2015

Toma lá que é para aprenderes



Convencida de ser uma grande desportista e com imeeensa experiência nestas coisas das corridas, achei por bem voltar hoje à rua e fazer mais qualquer coisa de útil pela forma fisica e pelo sonho de correr uma maratona.
Primeiro devo explicar, porque ninguém tem obrigação de adivinhar, que no sábado corri pela primeira vez 10 km, no domingo corri mais 5 e ontem tive treino puxadinho com a querida Carlota.
Tinha combinado ir hoje a uma aula de zumba mas atrasei-me e como a hora passou achei que era capaz de calçar os ténis e fazer-me de novo à estrada. Meu Deus, que erro enooooorme!
Aperaltei-e toda, preparei o iphone e os phones, liguei o Spotify, escolhi a banda sonora que me iria acompanhar e saí de casa mentalmente preparada para mais um terino. Tinha estabelecido um objectivo de oito km e determinado ponto para alcançar. Sai de casa, atravessei a rua e comecei a correr, lentamente. As pernas começaram logo a queixarem-se. Nada de especial, acontece-me sempre, pensei. Não liguei, até porque como não tinha feito qualquer tipo de aquecimento achei que os primeiros cinco minutos serviriam como aquecimento e continuei. Passaram cinco minutos, passaram dez e fiz um pequeno desvio para beber água. Era o primeiro sinal de que algo não estava a correr bem. Mais dezminutos, ainda não tinha corrido nem 3 km e os gémeos transformam-se em duas pedras de tão duros que estavam. Juro! Apalpei-os e toquei em dois pequenos rochedos. Andei uns dois ou três minutos e quando tentei correr outra vez, as pernas negaram-se a dar mais um passo. Falharam-me e começaram a doer a valer, cada passada uma tortura. Dei meia volta e percebi imediatamente que estava metida num grande sarilho, como é que voltava para casa? Correr estava fora de questão e andar era muito dificil. Trinta e cinco longos minutos depois cheguei à porta de casa, onde me cruzei com um vizinho e percebi pela cara dele que o meu aspecto devia ser medonho. Quando abri a porta de casa só consegui atirar-me, literalmente, para o chão, onde fiquei a gemer um bom bocado.
Lição aprendida - Vai devagar, rapariga, ja não tens 20 anos e estas aventuras ainda te matam!

Vamos falar de sexo # 7


Depois de um tempo de casada prefiro dormir cedo a fazer sexo. O que faço pra deixar a preguiça de lado?

Isso não é preguiça é mais falta de motivação e interesse. Se calhar a relação não é tão interessante como era no namoro ou na sua expectativa. É preciso que diga ao seu parceiro o que sente e como se sente em relação a ele e à parceria que estabeleceram. Tente comunicar de forma assertiva, sem julgamentos ou criticas, tentando apenas analisar factos e não culpas. Só depois disso podem, em conjunto, encontrar soluções para os problemas que detectaram. É provável que tenham de voltar às actividades que tinham antes, enquanto namorados, não necessariamente ligadas a sexo, jantar, ir ao cinema, passear ou, então, tentem apimentar a relação usando as estratégias já de todos conhecidas, livros, filmes, brinquedos eróticos, realização de fantasias. 



23 de fevereiro de 2015

Anorexia


A anorexia é um distúrbio alimentar grave e pode levar à morte. Quem sofre com o problema nunca acha que está magro o suficiente e deixa de comer normalmente, mesmo quando a magreza excessiva é evidente no espelho e na balança. Hoje em dia, com as redes sociais, as adolescentes, que sofrem de anorexia encontram na internet um apoio perigoso para ficarem esqueléticas.  Usam as redes sociais para trocar dicas sobre como enganar pais e médicos e comer cada vez menos. É grave e muitas vezes os pais só se apercebem do problema numa fase já avançada ou chegam mesmo a nunca se aperceberem. Se estiver atento ao comportamento e corpo da sua filha é mais fácil detectar precocemente a doença.

Sinais de alerta 
uso de roupas demasiado largas e compridas,
interesse excessivo e repentino por exercício físico,
uso exagerado e desnecessário de laxantes,
idas à casa de banho logo após as refeições,
tabaco,
beber muita água,
contar calorias,
partir a comida no prato em pedaços muito pequenos,
recusar-se a comer à mesa com a família ou  a ir a restaurantes,
deixar de ir à praia ou deixar de se despir à frente de pessoas conhecidas,
interesse em cozinhar para a família e amigos.

As doentes com anorexia e bulimia que usam a internet para desabafar ansiedades e angústias sobre o corpo e o peso, acreditam que estão a falar com alguém que as entende, ouve e aconselha e normalmente, o que acontece, é que encontram outras doentes como elas e passam a trocar informações e dicas sobre dietas, truques para enganar família e médicos e apoio incondicional ao estilo de vida que adoptaram e que é extremamente perigoso.

Verifique as páginas que os seus filhos visitam periodicamente e que tipo de posts escrevem. As pessoas demasiado preocupadas com o peso, vivem obcecadas com o tema e ysam-no como tema central na vida: cozinham, pesquisam receitas, fazem fotos comparativas do antes e depois, procuram corpos e comportamentos que lhes sirvam de modelo. No fundo, a sua vida gira em volta do corpo, do peso e da alimentação ou ausência dela.

Na internet a anorexia é denominada por "Ana" e a bulimia por "Mia" e os doentes trocam muitas informações entre si, muitas delas completamente absurdas do tipo " comer é para os fracos, beba água" ou " não como há uma semana e tenho consulta com um psiquiatra, que faço?" As respostas são ainda mais disparatadas e absurdas " não contes nada a ninguém se não vão obrigar-te a comer e aí vais engordar" "estás linda assim, não te deixes enganar quando te dizem que estás demasiado magra" e outras asneiras do género. Quem se sente mal com o corpo que tem recebe este tipo de mensagem e sente-se momentaneamente bem o que leva à manutenção do comportamento.

Sintomas
A anorexia é uma doença, muito grave, que provoca:
queda de cabelo e da temperatura do corpo,
fraqueza das unhas,
perda de tecidos ósseos,
irregularidades cardíacas,
interrupção do ciclo mestrual
infertilidade,
destruição dos dentes,
surgimento de cáries 
penugem corporal e, nos casos extremos,
desnutrição e morte.

O tratamento da anorexia e da bulimia exige acompanhamento médico e psicoterapêutico. Incentive o doente a procurar ajuda e a aceitar e valorizar o corpo que tem.


21 de fevereiro de 2015

19 de fevereiro de 2015

A nova lei dos sacos de plástico

 

Fui ao supermercado comprar peixe para o jantar e esqueci-me da nova lei dos sacos pagos. Como sabem, a taxa sobre os sacos de plástico leve (aqueles vulgarmente usados quando íamos ao supermercado) entrou em vigor no domingo passado. O comum saco de alças passou a custar 10 cêntimos.

Todos concordamos que pagar 10 cêntimos por um saco de plástico é um absurdo, mas está-me cá a parecer que se não doesse tanto a maioria de nós borrifava-se para o assunto. Para mim esta lei faz todo o sentido e já vem até um pouco tarde. É ridículo o número de sacos que circulam entre nós. Talvez se nos doer onde mais nos custa tomemos mais atenção.Também me parece que rapidamente nos vamos habituar a esta nova modalidade e vamos passar a trazer no carro e na carteira sacos reutilizáveis. Pelo sim pelo não e para não ter de desembolsar de novo eu já me preveni e comprei este piqueno para trazer sempre comigo. Tenho cá para mim que me vai safar muitas vezes.


Vamos falar de sexo # 6



 6 - A diminuição da frequência sexual pode indicar traição?

Há outras razões para além da traição que podem explicar essa diminuição da libido. Na verdade, a traição nem sequer é uma explicação porque, normalmente, quando um parceiro trai a vontade de fazer sexo até aumenta porque quanto mais sexo se faz mais se quer fazer. A maioria das pessoas só deixam de ter sexo com o companheiro quando se apaixonam por outra pessoa e mesmo assim nem sempre isso acontece
O mais provável é que a diminuição do desejo se deva a stress, conflito conjugal, doença física ou psicológica



18 de fevereiro de 2015

Saudade



O meu coração derrete-se ao sentir a suavidade e leveza dos teus gestos. Toda eu emoção com a surpresa planeada e jamais esperada. Nunca pensei poder sentir-me assim outra vez e danço. Como bailarina rodopio ao som de letras repetidas e gravadas na minha mente, tocadas pela tua voz que me embriaga e transporta a um mundo mágico e de fantasia onde a sedução exala por todos os poros e sentidos.


16 de fevereiro de 2015

Segredos para um casamento feliz

 Como dizia Paul Johnson: «Os casamentos que duram constroem-se sobre estratos arqueológicos de discussões esquecidas. Os segredos de um casamento bem edificado são a paciência, a tolerância, o domínio de si, a disposição para perdoar e — quando tudo isto falta — uma boa “má memória”. Também ajuda, obviamente, que o marido esteja disposto a carregar com a culpa, como deve ser».



A minha PT é melhor que a tua

 

Sabes que tens a melhor PT do mundo quando ela se disponibiliza para te acompanhar às consultas de fisiologia e optimização metabólica apenas para te poder ajudar melhor.


Amor é... # 6

 

... sintonia de pensamentos e corações.



13 de fevereiro de 2015

Em modo nostalgia


Para reflexão dos pais



"…Era quarta-feira, 8:00 h. Cheguei a tempo à escola do meu filho –“Não se esqueçam de vir à reunião de amanhã, é obrigatória!” – Foi o que a professora disse no dia anterior.
-“O que é que esta professora pensa! … Acha que podemos dispor facilmente do tempo que ela quer? … Se ela soubesse o quanto era importante a reunião que eu tinha às 8:30 h” … Dela dependia uma boa negociação e tive que a cancelar!
Lá estávamos nós, mães e pais, e a professora.
Começou a tempo, agradeceu a nossa presença e começou a falar. Não lembro o que ela dizia, a minha mente estava a pensar como iria resolver aquele negócio tão importante, já me imaginava a comprar uma televisão nova com o dinheiro.
“João Rodrigues!” – escutei ao longe – “Não está o pai de João?” – diz a professora.
“Sim, eu estou aqui” – contestei ao ir receber o boletim escolar do meu filho.
Voltei pro meu lugar e disse ao abrir o boletim … “Foi para isto que eu vim … o que é isto???”
O boletim estava cheio de seis e sete. Guardei rapidamente, para que ninguém pudesse ver como se tinha saído o meu filho.
De volta para casa, aumentava ainda mais a minha raiva, cada vez que pensava:
“Mas, se eu dou tudo para ele, não tem faltado nada! … Agora ele vai ver!” Cheguei, entrei em casa, fechei a porta com uma batida e gritei: “Vem aqui, João!”
João estava no quintal, correu para abraçar-me … “Papá!”
– “Nada de papá!” Afastei-o de mim, tirei o meu cinturão e não me lembro quantas vezes bati ao mesmo tempo que falava o que pensava dele.
– “Agora vai para o teu quarto!”
João foi a chorar, a sua face estava vermelha e a sua boca tremia.
A minha esposa não falou nada, só mexeu a cabeça num gesto de negação e entrou na cozinha.
Quando fui para cama, mais tranquilo, a minha esposa entregou-me o boletim do João, que tinha ficado dentro do meu casaco, e disse:
– “Lê devagar e depois pensa numa decisão …”
No início estava escrito: BOLETIM DO PAPÁ.
Pelo tempo que o teu pai dedica a conversar contigo antes de dormir: 6
Pelo tempo que o teu pai dedica a brincar contigo: 6
Pelo tempo que o teu pai dedica a ajudar-te com as tarefas: 6
Pelo tempo que o teu pai dedica para levar-te de passeio com a família: 7
Pelo tempo que o teu pai dedica para ler-te um livro antes de dormir: 6
Pelo tempo que o teu pai dedica para abraçar-te e beijar-te: 6
Pelo tempo que o teu pai dedica para assistir televisão contigo: 7
Pelo tempo que o teu pai dedica para escutar as tuas dúvidas ou problemas: 6
Pelo tempo que teu o pai dedica para ensinar-te coisas: 7
PAIS – ACORDEM ENQUANTO TÊM TEMPO…
Média: 6,22
As crianças tinham qualificado os seus pais. O meu filho deu-me 6 e 7 (sinceramente eu merecia 5 ou menos).
Levantei-me e corri para o quarto dele, abracei-o e chorei.
Queria poder voltar no tempo … mas isso não é possível.
João abriu os olhos, ainda com os olhos inchados pelas lágrimas, sorriu, abraçou-me e disse:
– “Eu amo-te papá!” … Fechou os olhos e dormiu."

Autor desconhecido.

Sei que muitos estão agora com o coração apertado e a pensar que nota os vossos filhos vos dariam hoje. Essa sensação de culpa e remorso é a que têm de guardar e recordar na próxima vez que pensarem que estão muito cansados, que não têm tempo, disponibilidade emocional, paciência ou seja lá que outra desculpa costumam usar para não se dedicarem ao vosso maior projecto de vida. Aquilo que fizerem pelo vosso filho hoje será a linha orientadora do sucesso ou fracasso dele amanhã. Não deixem a vossa missão noutras mãos, é a nós, pais, que compete ESTAR.


Sandra também comenta as 50 sombras de Grey


Não entendo esta onda anti 50 sombras de Grey que se instalou neste mundo virtual. De repente parece que toda a gente diz mal do livro, do filme e de quem eventualmente se atreve a dizer que leu e, (pasme-se!), gostou.
Há por todo o lado movimentos anti 50 sombras. São imensos os intelectuais ofendidos com a falta de estilo literário da obra, chegando mesmo a querer comparar a autora a Dostoiévski ou Mark Twain e insurgindo-se com todos aqueles que têm a ousadia de afirmar que leram e gostaram.
Faz-me lembrar os bons velhos tempos dos sucessos da Margarida Rebelo Pinto. A mulher vendia que se fartava mas toda a gente dizia mal e ninguém era capaz de afirmar que lia.

Ora bem, eu confesso, li Margarida Rebelo Pinto e gostei e li E. L. James e gostei. Gosto de ler, leio muito e tanto leio os grandes autores como os pequenos e médios. Tanto leio russos como portugueses, brasileiros e argentinos, espanhóis e suecos, tudo. Leio os clássicos, os vencedores do prémio Nobel e os desconhecidos. Leio aqueles de que ninguém fala e aqueles que todo o mundo comenta. Gosto de variar e entre uns mais sérios, densos e intensos também leio outros mais ligeiros. Não tenho qualquer pretensão de ser mais do que ninguém porque leio e gosto de ler mas também não me acho menos do que ninguém por ter gostado das cinquenta sombras. Li, gostei, vou ver o filme com o meu marido e espero também gostar. 

Tanto barulho por nada faz-me confusão. Querem ver que já vamos, em Portugal, na 34º edição do livro e fui eu que os comprei todos. Querem lá ver que o enorme sucesso mundial da autora se deve apenas às donas de casa sexualmente frustradas. Não posso deixar de achar engraçado que são as mesmas pessoas que defendem a existência de um dia dos namorados como pretexto para o casal sair da rotina que se escandalizam com o sucesso das 50 sombras. Se a trilogia apenas servir para abrir mentalidades, tornar o diálogo sexual mais franco, redimensionar a relação do casal, fomentar fantasias ou tornar menos frustradas as donas de casa não é mau. Se, para além disso, conseguir que alguém se liberte de preconceitos, acho fantástico.

12 de fevereiro de 2015

Há dias assim




Dúvida existencial


Estou aqui farta de dar voltas à mioleira e não consigo chegar a nenhuma conclusão sobre quem terá sido a Carlota numa vida anterior.
1) um comando
2) um interrogador da Gestapo
3) alguém praticante de BDSM
Só uma destas personagens encaixa no seu perfil sádico.

Hoje, estafada, a arfar e a transpirar em bica, tão cansada que mal percebia o que me diziam quando oiço a menina, orgulhosa do feito "gosto tanto de a ver assim!"
Isto aguenta-se?


Psicopatas



A maioria de nós que vê filmes e séries com assassinos em série acredita que os psicopatas são todos assassinos. Imaginamos que devem ser todos iguais aqueles monstros retratados em Mentes Criminosas e serão todos a personificação de Hannibal Lecter.  

A psicopatia, também denominada transtorno da personalidade anti social ou sociopatia, é normalmente confundida com a doença mental das pessoas loucas, com aparência doente e facilmente identificável, violentas e assassinas. Totalmente errado, a maioria dos psicopatas vivem entre nós e são pessoas perfeitamente comuns, que connosco se cruzam, com vidas totalmente banais e capazes de nos destruir por completo. Ainda por cima, têm o dom de nos convencer que a culpa do que aconteceu é apenas nossa e que eles nada tiveram a ver com isso.

Mesmo que não o demonstrem socialmente, a característica principal da psicopatia é um forte traço narcisista. São indivíduos megalomanos , dissimulados, imprevisíveis, sem escrúpulos, excessivamente egoístas e egocêntricos.

Já se cruzou com alguém que se fez de seu amigo ou algo mais e o traiu? Alguém em quem confiou e que o enganou? Alguém que toda a gente à sua volta achava que era quase perfeito, bonzinho, que tinha sempre a palavra e o gesto certo e que mais tarde se veio a revelar sem escrúpulos? Pois, pode ter acontecido que algum psicopata se tenha cruzado consigo e você nem reparou. 

Em termos estatísticos, em cada 100 pessoas, de 3 a 6 têm traços de psicopatia em menor ou maior grau. Isso quer dizer que é provável que em algum momento da nossa vida nos cruzemos com um indivíduo desses e apesar de na maioria dos casos eles não serem assassinos a verdade é que causarão com certeza grandes estragos na nossa vida.

Sobre uma aparente  sensibilidade, esconde-se uma frieza desumana e uma inteligência superior que é capaz de detectar os pontos fracos de cada pessoa e, sem qualquer culpa ou sentimento empático, usar isso a seu belo prazer quando lhe for mais conveniente. São aquelas pessoas que não dó ponto sem nó, que tudo  que fazem tem segundas e terceiras intenções. São capazes do melhor para vos enganar. E conseguem-no fazer sempre que a isso se dispõem.



São também conhecidos como predadores sociais porque não sentem qualquer empatia. São incapazes de sentir pena, dor, culpa, remorso, arrependimento. Não se iludam com algumas lágrimas que podem surgir e que inevitavelmente surgirão se isso lhes for favorável. São uns monstros insensíveis com a carapaça de uma grande sensibilidade.  

Enganam, mentem, iludem, subjugam sem qualquer remorso. São mestres do engano e da falsidade. São excelentes actores no palco da vida. Dizem e fazem exactamente o correcto e o esperado em cada situação e a cada pessoa. São inquietos por natureza, dispersam-se em inúmeras actividades diferentes porque não se encontram. Impulsivos e com acessos de raiva extrema quando os planos que traçaram não correm como eles planearam (o que é raro!).  
Manipuladore,s são capazes de o convencer de que a culpa de tudo é sua. Para eles, o fim justifica tudo e não olham a meios para atingi-lo. 

Como em todas as perturbações mentais julga-se que na sua génese estará uma conjugação de 2 factores - por um lado, uma predisposição para desenvolver a doença e por outro a aprendizagem comportamental ou os chamados factores ambientais. é aqui que a sociedade e a família devem e podem intervir numa fase precoce da educação e formação dos valores morais.

São pessoas bem vestidas, extremamente educadas e polidas, podem ocupar cargos sociais de relevo porque isso os coloca numa posição de maior controlo sobre os demais.São bem falantes e rapidamente se adaptam a qualquer situação. São extremamente perigosos. Sem o querer assustar, desafio-o a olhar à sua volta, tentar identifica-los e fugir deles porque, sem duvida, mais cedo ou mais tarde, ele irá olhar para si e fazer de si um alvo e aí você não terá qualquer hipótese de vencer


Loucuras felizes


Dia de hospitais e médicos, exames e altas. Foi cansativo o dia de ontem, quase todo passado a acompanhar doentes nas suas visitas médicas de rotina. Foi dia de acompanhar a nossa querida Mimi à consulta de ortopedia e receber finalmente a alta do Miguel. Numa dessas salas, enquanto esperávamos, entra um daqueles alucinados da vida, em que a demência se confunde com a realidade  e, não sei porque diabo, engraça comigo e dedica-me logo duas quadras. Depois, cumprimenta toda a gente com um aperto de mão, desejando as melhoras a cada um e no final pede uma moedinha. "Pode ser a mais pequenina que tiverem, aquela que não vos faz falta". Vasculhei o porta moedas e tirei um euro que lhe entreguei. Olha para a moeda e exclama
- É muito, não te faz falta?
- Não, podes ficar com ela.
Olha de novo para a mão e tira uma moeda de dez cêntimos que me entrega. Ainda pensei que me estava a dar troco, mas não, queria que eu procurasse um homem nu na moeda. Intrigada, olhei para a moeda e oiço gargalhadas. Ria como um louco, aquele que parecia ser mas não era "Querias... ahahah.... querias um homem nu por dez cêntimos.
E assim, sem querer, este homem conseguiu trazer alegria a uma sala cheia de doentes e seus acompanhantes, atenuando a ansiedade da espera. Quase todos riram também à gargalhada e os outros, os mais tinidos, esboçaram um sorriso. Foi bonito.


10 de fevereiro de 2015

O relógio parado às sete...

Hoje partilho convosco um texto  do psicoterapeuta argentino Jorge Bucay.

"Numa das paredes do meu quarto, encontra-se pendurado um bonito relógio antigo, que deixou de trabalhar. Os seus ponteiros, parados praticamente desde sempre, assinalam imperturbáveis a mesma hora: as sete em ponto.
A maior parte do tempo, o relógio é apenas um inútil objecto de decoração numa parede branca, vazia. No entanto, há dois momentos durante o dia, dois fugazes instantes, em que o velho relógio parece renascer das cinzas como uma fénix. Duas vezes por dia, de manhã e à noite, o relógio sente-se em completa harmonia com o resto do Universo.
Se alguém olhar para o relógio apenas nesses dois instante, diria que funciona às mil maravilhas... mas, passado esse momento, quando os restantes relógios calam os seus cantos e os ponteiros prosseguem o seu monótono caminho, o meu velho relógio perde o passo e permanece fiel aquela hora em que, um dia, deteve o seu andar.
Também eu estou parado no tempo. Também eu me sinto preso e imóvel. Também eu sou, de alguma maneira, um adorno inútil numa parede vazia.
Mas desfruto também de momentos fugazes em que, misteriosamente, chega a minha hora.
Durante esses momentos, sinto que estou vivo. Tudo se torna claro e o mundo afigura-se-me maravilhoso. Consigo criar, sonhar, voar, dizer e sentir mais coisas nesses instantes do que no resto do tempo. Essas conjugações harmónicas ocorrem e repetem-se uma e outra vez, como uma sequência inexorável.
A primeira vez que o senti, tentei agarrar-me a esse instante, pensando que o poderia fazer durar para sempre. Mas não. Como acontece com o meu amigo relógio, também a mim se me escapa o tempo dos demais. ... Passados estes momentos, os outros relógios, que vivem dentro de outros homens, continuam a sua rotação e eu volto à minha rotineira morte estática, ao meu trabalho, às minhas conversas de café, ao meu entediado passo a que costumo chamar vida.
Mas sei que vida é outra coisa.
Sei que a vida, na verdade, é a soma daqueles momentos que, ainda que fugazes, nos permitem perceber a sintonia com o Universo. "

Uma das coisas que julgo ser mais prejudicial  ao ser humano é aspirar a ser feliz todos os minutos, todos os dias. Isso é utópico e pode levar a que não apreciemos verdadeiramente os nossos momentos de felicidade. 

Hoje em dia somos bombardeados continuamente com a aparente felicidade alheia, via redes sociais. Parece que toda a gente é feliz a todas as horas e esquecemo-nos que as pessoas só expõem em público o lado positivo da vida. As tristezas, as frustrações, as traições, os desamores, e outros obstáculos são, na sua maioria das vezes, escondidos e vivenciados, em sofrimento, na intimidade. 

Não devemos avaliar a nossa vida pela vida dos outros porque nunca sabemos verdadeiramente que vida é essa. Temos de aprender a desfrutar dos nossos momentos felizes  e aprender com os momentos menos bons. A vida é feita de ciclos, umas vezes estamos no alto da montanha, com a beleza estonteante da paisagem à nossa frente, e outras vezes estamos no vale escuro e sem sol. São duas faces da mesma moeda a que chamamos vida e, na verdade, seríamos incapazes de apreciar e dar valor a uma se a outra não existisse.

Primeiros 5 Km

 

Este foi o fim de semana da minha estreia na corrida. 5 km completos e eu tãaao feliz. Parece até que corri uma maratona tal era a felicidade. Desafiei o Miguel e lá fomos, ele de bicicleta e eu a correr. Senti-me bem e já temos programa para os fins de semana. É uma óptima forma de fazer exercício em família.


9 de fevereiro de 2015

10 kg perdidos

Cheguei hoje aos 10 kg de peso perdido e não podia estar mais feliz. Tem sido um percurso lento, muiiiito lento, com muito ginásio, suor e dores, e cuidados alimentares contínuos e persistentes. Mas os resultados começam a ser visíveis e isso é bom, claro.

Aqui fica o registo para memória futura:

Inicio, dia 26/5/2014
Peso - 72,1 Kg
IMC - 27,47
Massa Magra - 44,0 Kg
Gordura - 27,8 Kg

Quando comecei no ginásio, em final de setembro
Peso - 68,8 Kg
IMC - 26,22
Massa magra - 45,6 Kg
Gordura - 23,1 Kg

Hoje, dia 9/2/2015  (8 meses e qualquer coisa)
Peso - 62,0 Kg (menos 10 Kg)
IMC - 24,1
Massa Magra - 45,4 Kg
Gordura - 19,5 Kg

Ainda me falta perder mais cinco e depois é a guerra da manutenção. Passei de baleia a cachalote, mas continuo a trabalhar para chegar a sereia. Ficam as imagens que valem mais que os números e as palavras




6 de fevereiro de 2015

Sobrevivi

 

Para quem estava preocupado comigo, informo que sobrevivi à aula de Body Combat. Ao pé das sessões de treino da Carlota, esta aula foi como um passeio no parque. Fiquei com a sensação que a maior parte daquelas pessoas mas mãos dela ficavam de quatro ao fim de vinte minutos. (Mas isso é com certeza  o meu orgulho ferido a falar). Amanhã espera-me uma corridinha para descontrair.


5 de fevereiro de 2015

O castigo depois da compulsão

 

O dia de ontem foi demasiado stressante e, como sempre acontece quando os níveis de ansiedade sobem mais do que deviam, a compulsão alimentar tomou conta de mim. Comi, comi, comi e depois voltei a comer. (shame on me!).

Sabia que tinha ultrapassado o limite do razoável e a primeira coisa que fiz no ginásio foi confessar o pecado da gula e esperar pelo castigo. E ele veio! Ah, se veio! 

Não sei se o corpo não gostou de ser intoxicado e não reagia como de costume, se a consciência pesada pode tanto como um rabo pesado ou se a Carlota resolveu mesmo punir-me, o que sei é que me custou imenso completar o programa estipulado. Desisti duas ou três vezes e bem vi o olhar de desprezo da PT, "então, Sandra, vamos lá!", mas o que eu ouvia e sei que era o que  na realidade ela queria dizer era "vamos, gorda, agora vais pagá-las!".

À quarta volta já me apetecia fugir dali para fora e juro que de uma das vezes mantive a cabeça baixa para que ela não visse o meu olhar fulminante de raiva.
Amanhã espera-me uma aula de body combat acompanhada pela sargento. Das duas uma: ou viro a  Angelina Jolie do Parque das Nações ou mato alguém. A ver vamos o que acontece.


Meus ricos bracinhos

Depois da  tareia de braços, hoje lavei o cabelo nesta linda posição. Ai, Carlota, Carlota!

Perdão

 
Quando falamos em perdão, pensamos muitas vezes que só perdoamos quando esquecemos o episódio que nos magoou. Para a maioria das pessoas, perdoar está intrinsecamente relacionado com não falar sobre o assunto, esquecer que o episódio se deu, esquecer que determinada pessoa em algum momento da nossa vida agiu mal e nos magoou profundamente. 

Todos enfrentamos em algum momento da nossa vida a questão de saber se posso e consigo perdoar e como fazê-lo. Depois de uma mágoa, injustiça ou sofrimento causado por alguém que nos é próximo, a primeira emoção que nos invade é raiva, incredulidade, dor, traição, injustiça. 

Depois dessas primeiras emoções, coloca-se a questão se se perdoa ou não a pessoa? E perdoar não é esquecer ou desculpar a acção do outro, não é deixar de sentir algo sobre o que se passou, nem tão pouco significa que essa pessoa deve continuar presente na sua vida. Se perdoar não é nada disso que parece ser, então, afinal o que é? 

Perdoar não é algo que se faz pelo outro, mas sim algo que fazemos por nós próprios para termos paz e vivermos com tranquilidade, sem rancores, raivas, ódios e conflitos e, acima de tudo, resolvidos interiormente. Se o fazemos por nós e nos permite curar uma ferida aberta, então, porque é que é tão difícil perdoar? 

Porque, de alguma forma, gostamos da sensação de revolta, da adrenalina que a raiva traz, de nos sentirmos superiores ao outro que cometeu o erro, do medo de sermos de novo magoados se dermos nova chance àquela pessoa, de nos colocarmos no papel de vitima porque isso nos traz dividendos sociais (é bom para muita gente ser "coitadinha") ou apenas porque não se sabe como fazê-lo.

Vou tentar ajudar com pequenas dicas:
 
Antes de mais, deve compreender a situação na sua totalidade: o que aconteceu, como aconteceu porque aconteceu, quais os meus sentimentos, em que é que contribuí, quais os meus limites e necessidades. Como percebem, ao fazer este tipo de auto análise estão a descobrir-se e a desvendar os vários ângulos da situação.

 Analisar depois em que é que o que se passou ajudou a desenvolver em si a sua personalidade. É importante  perceber que a pessoa que você  é hoje está directamente ligada a esse episódio quer porque a (o) amadureceu quer porque lhe trouxe uma nova gama de comportamentos e atitudes face aos outros quer ainda porque desenvolveu uma série de estratégias defensivas e empáticas em relação a quem passou por situações semelhantes. 

O passo seguinte é aceitar a realidade, isto é, integrar o acontecimento na sua vida e identidade actual. Não tente perdoar sem ter percebido bem toda a raiva e dor sentidas, sem ter identificado todas as emoções. 

Sabendo tudo isto e chegado aqui, a questão que se coloca é "quero perdoar?" 
O perdão exige essa predisposição. Às vezes a dor foi tão profunda que se torna difícil querer perdoar ou o outro foi tão abusivo que a dor foi imensa ou ainda porque o outro não parece estar nada arrependido nem sequer pediu desculpa. Deve lembrar-se que ao perdoar está a cuidar de si, está a fazê-lo porque isso é bom para si porque é um passo da cura do sofrimento e da raiva e não para fazer feliz o outro. 

Lembre-se que você foi forte, resistiu à dor, ultrapassou-a e ainda cresceu com isso. Não estou a dizer que temos de passar por essas situações para amadurecer mas não tenham dúvidas que se cresce muito mais na dor do que na alegria. É a dor que nos fornece novos e melhores instrumentos.

Por último, pense no outro e lembre-se que ele ou ela é apenas humano, que quando fez o que fez provavelmente estaria perdido, sem quadro de referências positivo, com crenças e valores distorcidos, desorientado, com necessidades por satisfazer e apenas conseguiu resolver esse momento de forma dolorosa para si. Tente perceber bem quais terão sido os sentimentos do outro e o momento que ele ou ela estava a atravessar. 

Decidir se quer ou não verbalizar perante quem o magoou o seu perdão e decidir se quer manter essa pessoa nas suas relações, são os passos seguintes. Saiba contudo que nem uma coisa nem outra são necessárias. Lembre-se que o acto de perdoar é uma atitude que o irá ajudar apenas a si. 

Diga depois, em voz alta, para si mesmo, eu te perdoo, explicando o mais pormenorizadamente possível as razões que o levam a perdoar. Esta verbalização deve pôr um ponto final sobre o assunto. 

Agora que percebeu o que sentiu, o que aprendeu, o que desenvolveu e qual o papel do outro, deve dar por encerrada a questão e o sofrimento. Vai-se lembrar do que aconteceu mas não permitir que isso lhe traga dor ou raiva. Finalmente, livre deve ser o sentimento que resta. A escolha é sua.



A grande queixa em psicoterapia


Em consultório a principal queixa é de infelicidade. As pessoas não se sentem bem consigo, com os pais, com os filhos, com o parceiro, com os colegas de trabalho, com o corpo, com o que são, o que têm ou o que fazem.

Quando questionados sobre as razões de tamanho mal estar a maioria nega-se a pensar sobre isso e responde "não sei!". Só sabem que não se sentem felizes e muitos deles desenvolveram já doenças físicas que são o espelho desse mal estar interior. 

Há em todos nós um medo enorme de olhar para dentro, de ver o nosso interior, de sentir e pensar sobra as pessoas, as emoções e as situações. Temos medo de sofrer, de perceber o que não queremos e ver o que não desejamos. Preferimos uma má situação conhecida a olhar, pensar e resolver o que está mal para tentarmos viver felizes. Preferimos o conforto da rotina do que o desconhecido assustador. Temos tendência a deixarmos a nossa vida na mão do destino em vez de lhe tomarmos o pulso e sermos o capitão do navio. Esse é o grande desafio que se coloca ao profissional. Ajudar o paciente a ser dono do seu destino.

Aqui, como em muitas outras áreas, não há milagres. Se não forem vocês a "olhar pra dentro" de vocês e da vossa vida, ninguém mais o fará. É doloroso mas vale a pena.

2 de fevereiro de 2015

Cinema em casa

Como já vem sendo hábito, o fim de semana é a altura para pôr os  filmes em dia. Há tempo, paciência e a chuva e o frio aconselham manta e chá quente. Durante a semana, o trabalho, casa e filhos não deixam grande folga para esse tipo de coisas. Desta vez vimos três filmes - A Teoria de Tudo, Foxcatcher e Alexandre e o Terrível, Horrível, Nada Bom, Péssimo Dia


Este, A Teoria de Tudo, baseado no livro biográfico de Jane, mulher do físico Stephen Hawking, entre 1965 e 1995, centra-se mais na história desse casamento do que propriamente nas descobertas científicas do génio. Claro que há passagens que mostram a formulação de teorias sobre buracos negros e big bang, mas o foco é outro, é o Amor, a aceitação da vida e a superação de limites. É um dramalhão, com uma interpretação fabulosa de  Eddie Redmayne, vencedor do Globo de Ouro e um dos favoritos ao Óscar de Melhor Ator que carrega sozinha o filme nas costas. Se este filme retrata de facto a vida e personalidade de Hawking, a minha admiração por ele cresceu imenso. É fantástica a forma como lida com a doença, com humor e esperança, uma doença que seria devastadora para a grande maioria de nós. A pergunta que me ficou foi: o que seria deste homem se esta doença não o atingisse? Será que teria ido ainda mais além nas suas descobertas ou essas descobertas aconteceram também porque ele se encontra fechado em pensamento 24 horas por dia? Gostei muito.

 

Foxcatcher  trazia o selo de história verídica e isso é sempre algo que me atrai. O meu lado voyeur fica todo empolgado com essas palavras. É quase como se fosse a casa dos segredos condensada em duas horas.  Conta a história de Mark Schultz, um campeão olímpico que vive, cheio de complexos, à sombra do irmão  mais velho. Quando surge a oportunidade de se libertar dessa alçada, não pensa duas vezes, mas algo vai correr mal, muito mal. Gostei.


As aventuras do menino de 11 anos, Alexandre (Ed Oxenbould), naquele que é o dia mais horrível e terrível da sua curta vida. É uma comédia familiar, ideal para se ver em conjunto com os filhos e aproveitar para falar sobre a forma pessimista como às vezes olhamos para a vida de forma totalmente injustificada. É fraquito.


Amor é... # 5



... deixá-la escolher a cor do carro


Na forja

 
Esta é a próxima aquisição cá de casa. Deve chegar em Março e vem cheio de mariquices. Gostam?