29 de março de 2016

Carta aberta a alguém



Qual não foi o meu espanto quando ontem vi uma linda carta que me é dirigida.
Primeiro fiquei na dúvida. Isto não é para mim. Ela está a ser um pouco injusta e está a dar-me muito dos atributos que ela sabe que não me pertencem.
O cheiro da terra molhada, os grelos com chouriço, o cozido à portuguesa partilhado pelos dois, o vosso Sporting e os treinos aos sábados, só vossos. O valor das origens  a que ele dá tanta importância, a voz era a dele, que cantava nas viagens, com vocês. As idas à pesca…

Também é dele a  importância do muito trabalhar para nada faltar aos seus. Pois no seu entender ,bem ou mal,  o bem estar que as coisas materiais trazem, dão felicidade e ele quer muito essa felicidade para vocês. Ainda agora, quando eu lhe digo para desistir, ele tem medo de o fazer, e acredita, é só por vocês.

Também foi ele que te ensinou que é importante não esbanjar e temos de ter sempre o nosso pé de meia para qualquer imprevisto que possa aparecer.

Com ele aprendeste o valor da honestidade, rectidão e justiça, que como bem dizes são a tua maior herança.
Também não esqueças as vezes que o seu abraço silencioso te apertou e o seu coração muito chorou com a tua infelicidade.Talvez ele não saiba, como eu, manifestar as suas emoções, mas acredita que ninguém te ama mais que ele (só mesmo eu).

Um homem tem de ser rijo e não pode fraquejar. Um homem não chora. Foi assim ensinado desde miúdo. No trabalho tem de ser cumpridor, não falhar e ser o melhor, nem que para isso não tenha tempo para a família. Mas nada lhes pode faltar em  termos materiais. E foi isso que ele fez toda a vida.
Sempre se preocupou muito com vocês, a fim de que pudessem caminhar sozinhos, mas tinha de ser à sua maneira..Ele acha que fez tudo bem e não se arrepende de nada..Tenho  muita pena que a vossa relação, da qual cheguei a ter ciúmes, tenha chegado a este ponto.

Agora os outros elogios,  tantos e lindos, apesar do exagero, deixaram-me como sempre muito emocionada e muito feliz.Eu, como tão bem me conheces, só penso com o coração e sou muita emoção. Isso não quer dizer que goste mais. É só diferente
O meu colo, continuará, tal pastilha elástica, a confortar qualquer um que dele precise. Adoro quando deitam nele uma cabeça que eu amo. Beijinhos com dói-dóis ou sem eles estou sempre pronta a dar muitos e muitos e não só em dia de anos.O frio na barriga e a lágrima no olho é mesmo muita emoção. Agora já sabes como é. Há momentos,que não conseguimos evitar. Mas quando o momento passa, é pura alegria.

Os filhos, como já aprendeste, são a nossa felicidade.Como tu dizes, o amor cresce, cresce e nunca tem fim. E assim vai ser, como dizia a avó, até sermos velhinhas.

O que é ser feliz?  Eu sempre respondo… É quando os meus filhos estão felizes. Agora também já acrescento. E os netos.

Mas, em alguns momentos, percebemos a nossa  falha como pais e sabemos que nossos filhos foram afetados por ela. Já não me sinto tão culpada, pois sei que tenho dois filhos que são pessoas boas e generosas, que continuam a trabalhar e se esforçam para alcançar os seus objetivos sem ferir ou maltratar ninguém.
Têm  uns corações com muito Amor e isso, eu sei que contribui, o que me deixa muito feliz.

A ti não tenho mais nada para te ensinar como Mulher e como Mãe. Se o mérito é meu nalguma coisa, então fiz um grandioso trabalho. Tens nota máxima.
Quando fores vovó, aí sim, podes aprender muito comigo. Vamos ver se lhe passa o tempo dos cães e chega o tempo dos bebés. Espero que não demore muito.Vais ver o que é gostoso.

Agora, com a idade, cada vez mais, tenho a certeza,que a felicidade está  nas coisas banais, que o bom e o importante da vida, são mesmo os abraços, as conversas, a família à volta da mesa, os silêncios, os aniversários, os jogos, os beijos e principalmente os filhos e os netos.

Adoro as tuas cartas. Depois de as ler, sinto, que afinal não estou neste mundo sem um sentido. Nasci para ter esta família linda, de filhos e netos e poder dar-lhes todo o meu Amor.
É o Amor que nos une, que será para toda a vida e para além dela e o vosso sorriso é o melhor presente para mim.
É muito importante isto que temos entre nós. Ainda bem que consegui transmitir-te tanta coisa a que eu dou tanto valor. Afinal pode-se dizer:
Quem sai aos seus...



28 de março de 2016

Na cabeceira

«O Pai»: A história do bando que «infernizou» a polícia sueca nos anos 90

Por Fátima Moura da Silva
«O Pai»: A história do bando que «infernizou» a polícia sueca nos anos 90

Era uma vez quatro pequenos irmãos e um pai violento. Quando cresceram, três deles juntaram-se ao progenitor, acabando por protagonizar a história policial mais sensacional dos últimos anos na Suécia, enquanto o quarto a escreveu em livro, agora editado em Portugal. O seu vínculo foi forjado sob o jugo paterno, mas o que tornou um irmão tão diferente dos outros três? O autor tinha um objectivo na vida e recusou-se a prescindir dele: queria ser pintor e estudar Belas Artes.

«O Pai», editado agora em Portugal pela Planeta, é um livro escrito a quatro mãos por Stefan Thunberg – o quarto irmão que se recusou a entrar no mundo do crime e que se tornou num dos mais conhecidos guionistas da Suécia – e Anders Roslund, um ex-jornalista galardoado que na altura acompanhou a odisseia policial para a estação de televisão onde trabalhava e que posteriormente se tornou num dos mais bem sucedidos escritores de criminalidade escandinavos da actualidade.
«É uma história que esteve comigo toda a minha vida, é uma história que me moldou como argumentista, fez de mim o que sou como tal, o que aconteceu na minha vida fez de mim o que sou hoje», diz Stefan ao Diário Digital.
Mas, tendo a mesma história e vivências, o que tornou Stefan diferente dos irmãos? «Queria ser pintor», conta. «Ainda estive tentado, entusiasmei-me com a adrenalina incrível em que vi os meus irmãos a fazer planos e depois dos assaltos, ainda lhes disse ´contem comigo no próximo`, mas depois não fui capaz, pensei naquilo que queria realmente fazer, ser pintor, seguir Belas Artes, e percebi que aquela vida não era para mim»».
Quando encontrou Roslund começaram a falar sobre a história. «Como guionista eu não conseguia escrever sobre isto, era demasiado grande, era a minha vida. Ao mesmo tempo não queria fazer um documentário baseado numa história real». Em comum tinham um passado familiar violento.

«Os punhos do papá batem na cara da mamã como um chicote, mas fá‑lo devagar e em silêncio; antigamente conseguia‑se ouvir quando o papá dava um murro. (…) Vincent está escondido atrás das costas do irmão, e Felix continua parado junto à porta da rua. Ainda não são da mesma altura. Se fossem, Leo não teria tido de saltar‑lhe para as costas. É o que faz quando o papá começa a usar os joelhos, quando Leo percebe que desta vez o papá só parará quando ela estiver morta. Pendura‑se‑lhe nas costas e passa os braços à volta do pescoço do pai, até que por fim o papá o agarra e o arranca de cima de si. Mas ao menos neste ponto o papá tem de largar a cabeça dela».

As primeira páginas do livro são de cortar a respiração, pela violência que contêm. Pensar-se-ia que Leo, o defensor da mãe por ser o maior, nunca haveria de juntar-se ao pai. Mas não foi assim.
Stefan Thunberg tinha 25 anos quando, na véspera do Natal de 1993, ligou a televisão e viu três assaltantes de bancos a serem perseguidos pela polícia, cercados numa cabana. Eram o próprio pai e o irmão mais velho, como rapidamente percebeu, e pensou que iam morrer nessa noite. A família estava envolvida nos assaltos que, ao longo de três anos, deixaram a polícia sueca em desespero.
O maior roubo de material militar da história sueca foi perpetrado durante uma noite no Outono de 1991. Mais de duas centenas de armas, incluindo metralhadoras e espingardas de assalto AK4, e 864 cartuchos desapareceram de um armazém das Forças Armadas na cidade de Botkyrka, a sul de Estocolmo. A liderar os assaltantes esteve Carl Thunberg, um loiro alto e atlético de pouco mais de 20 anos que no livro é chamado de Leo e que viria a tornar-se no criminoso mais procurado da Escandinávia. Os seus dois irmãos mais novos e um amigo de infância eram os parceiros. Juntos, formaram o Gangue Militar, uma associação criminosa que executou uma dúzia de roubos de bancos com extrema precisão durante meses.
Naquela noite de Natal, «o que é que aconteceu entre o meu pai e o meu irmão mais velho durante aquelas horas, esperando a emboscada da polícia, agachando-se durante a noite? O que é que aconteceu nessa noite entre eles, o que é que disseram um ao outro naquelas horas tão intensas em que estiveram cercados e sem escapatória? Isso perseguiu-me durante anos», conta Stefan.
São esses momentos que constituem o coração do livro, toda a acção serve para levar às últimas 10 páginas, momentos que nunca nenhum dos dois contou, mas cuja versão ficcionada o irmão diz estar muito perto da verdade.



«Talvez eu fosse a pessoa errada no lugar errado, mas fiz a coisa certa», disse-lhe uma vez o pai, muito depois. «Eu atrasei-o». «Mas em relação a quê»?, perguntou-lhe Stefan. «Não quero falar sobre isso. Talvez tenha salvo o teu irmão», respondeu o pai.
«Stefan queria quebrar a realidade em pedaços e reconstruí-la em ficção, e foi isso que tivemos em mente todas as manhãs, enquanto trabalhávamos», afirma Roslund.
«Há coisas que alterámos, em relação à verdade dos acontecimentos, mas o que me preocupou foi a verdade emocional», diz Thunberg. «Quis mostrar a verdade nas relações entre este pai e os seus filhos, que tantas vezes passa pela violência». 

O pai de Stefan morreu há seis meses, nunca fizeram as pazes. Há coisas que não são possíveis. «Mas estou em paz comigo, com as minhas escolhas», diz. Fez a catarse de uma vida inteira durante dois anos e meio num livro de 500 páginas e conseguiu pacificar-se, entender-se a si próprio e à sua família. Está em paz com os irmãos, que actualmente levam vidas normais depois de terem cumprido as mais pesadas penas de prisão.
«Estando de fora, nunca vi laços tão fortes entre irmãos e foi precisamente o pai que os levou a criá-los. Anos depois, o próprio pai teve de tornar-se assaltante para se integrar entre eles. É como eu vejo isto», afirma Roslund.
Roslund era também filho de um pai violento, pelo que também foi perseguido pela questão pai-filho durante toda a vida. Além disso, enquanto jornalista da televisão cobriu todo o dossier, os assaltos, as perseguições e os julgamentos, pelo que estava completamente embrenhado no assunto.
«Tinha uma curiosidade enorme, porque é que três irmãos sem antecedentes criminais se tinham envolvido nisto tudo, e percebi que isto era mais do que uma história de assaltos, era uma história de «pai-filho», considera.
«O Pai» vai ser levado ao cinema: a DreamWorks adquiriu os direitos e Steven Spielberg deverá realizar o filme.
No prelo na Suécia está já o livro seguinte, que em Portugal o autor calcula que venha a chamar-se «O Filho».




24 de março de 2016

Uma mulher inspiradora



Às vezes ajuda sentir-me grata por lá ter estado, porque isso deu-me, sou mais rica do que as outras pessoas, a minha reacção à vida é muito diferente. Todos se queixam:"Isto é tão horrível, isto..." Não é assim tão horrível.

Quando se esteve mesmo no fundo do inferno e se volta à superfície, aprende.se o que importa na vida e o que não tem importância. E são poucas as coisas que importam, a vida e as relações humanas, tudo o resto não tem qualquer importância.Podemos viver sem isso. E por causa disso sou muito mais feliz.

Depende de mim a vida ser boa ou má,não da vida, de mim! Tudo é bom e mau. Eu olho para o lado bom. Porque mesmo o horrível tem um lado bonito.Todos os dias da vida são bonitos.

Palavras da extraordinária Alice Sommer, aos 109 anos,a mais velha sobrevivente do holocausto em todo o mundo quando filmou a curta metragem "The Lady in Number 6".

 The Lady in Number 6 é um filme documentário de curta-metragem dirigido e escrito por Malcolm Clarke. Vencedor do Oscar 2014, relata a história de Alice Herz-Sommer, uma pianista que sofreu o Holocausto e morreu em 2014 com 110 anos

Podem ver aqui.

 

21 de março de 2016


No sábado foi noite de espectáculo. E que espectáculo!
Um assombro! Estas duas extraordinárias vozes,unidas
num concerto intimista e especial. Adorei! Apenas
uma nota negativa para o camarote de visibilidade
reduzida que comprámos porque  a visibilidade era mesmo nula.
Valeu pelo que se ouvia.



16 de março de 2016

Exercicos mentais # 9



Lembram-se dos exercícios mentais que publiquei há uns meses? Aqui fica mais um para quem gosta deste género de testes.

Teste
Já se perguntaram,com certeza algumas vezes, se somos mesmo todos diferentes ou se pensamos a mesma coisa? Façam este exercício de reflexão e encontrem a resposta!
Siga as instruções e responda às perguntas uma de cada vez MENTALMENTE e tão rápido quanto possível mas não siga adiante antes de ter respondido à questão anterior.
Agora, responda uma de cada vez:
Quanto é:
15+6
..21…
3+56
..59…
89+2
..91…
12+53
..65…
75+26
..101….
25+52
..77…
63+32
…95….

Sim, os cálculos mentais são difíceis mas agora vem o verdadeiro teste.  Seja persistente e siga adiante.

123+5
..128….

R]APIDO! Pense numa FERRAMENTA e uma COR!
…….
E siga adiante…
…….
Mais um pouco…
……..
Um pouco mais…
……..
Você pensou em um martelo vermelho, não é verdade? Se não, você faz parte de 2% da população que é suficientemente diferente para pensar em outra coisa. 98% da população responde martelo vermelho quando resolve este exercício.
Curioso!... ou talvez não.


15 de março de 2016

Alimentos que combatem a ansiedade


“ – Quando fico ansiosa, eu como. E sei que não como da melhor forma porque depois de comer, fico com menos fome, mas não menos ansiosa”.
Este é o desabafo de uma pessoa ansiosa. Depois de analisar com cautela, era possível assegurar que não se tratava de nenhum distúrbio de ansiedade, uma ansiedade patológica, mas sim uma ansiedade natural – e necessária – que todos enfrentam diante de algumas situações desafiadoras, desconhecidas, novas. Também não se tratava de nenhum tipo de transtorno alimentar. Apenas alguém que – como muitos de nós – procurava na alimentação uma forma (não muito eficaz) de aliviar os efeitos de uma ansiedade que aparecia de vez em quando.
Mas existem certos alimentos que nos ajudam a lidar melhor com a ansiedade, quando consumidos correctamente.

1) Proteínas magras (leite, ovos, queijos magros) – Estas proteínas magras são ricas em triptofano, um aminoácido que auxilia na produção de serotonina, hormona responsável pela sensação de bem estar, conhecido como “hormona da felicidade”, contribuindo então para a diminuição do stress.

2) Citrinos As frutas cítricas, em geral, são ricas em Vitamina C, aliadas do bom funcionamento do sistema nervoso. Assim, ajudam a diminuir a secreção do hormona cortisol, que leva a informação de tensão e stress para o nosso corpo. Com os níveis de cortisol mais baixos, a ansiedade tende a diminuir.

3) Hidratos de carbono – O que ocorre é que estes alimentos ajudam a elevar os níveis de açúcar no sangue, o que resulta em uma sensação de prazer e bem estar. Mas cuidado! Prefira os hidratos integrais, como arroz integral, farinha integral e outros cereais também na forma integral. Também o feijão, mel e frutas mais doces, mas sempre com moderação. Lembrando que o açúcar em excesso pode ter efeito contrário, ou seja, aumentar a ansiedade. E neste caso, deve ser controlado.

4) Carnes, peixes e frutos do mar – Estes alimentos também são ricos em triptofano, assim como as proteínas magras, mas são também uma excelente fonte de taurina (aminoácido que diminui a ansiedade) e, no caso dos peixes e frutos do mar, selénio e zinco, que combatem os níveis de stress e cansaço. Dê preferência sempre às carnes mais magras e brancas.

5) Chocolate – O chocolate também pode ser um bom aliado para reduzir a ansiedade. Ele é rico em flavonoides, antioxidantes que ajudam na produção de serotonina –  o tal “hormona da felicidade”. Mas, de novo, tenha moderação e prefira o chocolate amargo, que além de conter menos gordura e menos açúcar, tem maior concentração de flavonóides.

Alguns alimentos devem ser evitados, ou consumidos em menor quantidade, como a cafeína, o álcool, doces e refrigerantes, que podem descontrolar os níveis de açúcar no sangue e causar maior ansiedade e irritabilidade. Bom senso e moderação sempre devem estar presentes para que a alimentação seja uma aliada de nossa saúde física e mental.

Alguns hábitos também podem ser eficazes:
1) Pratique exercícios físicos regularmente – Realizar actividades físicas regulares, ajuda na libertação de endorfina, responsável pelo aumento da disposição e redução das tensões. Encontre uma actividade que realmente lhe dê prazer e faça disso um hobby.

2) Respire fundo e faça alongamento – Quando controlamos a respiração, aumentamos a concentração de oxigénio no organismo e “enviamos a informação” ao nosso cérebro de que está tudo bem. O alongamento, por sua vez, diminui a tensão dos músculos que contraímos quando estamos tensos, principalmente do pescoço, ombros, costas e pernas. Assim, ajudamos a diminuir a ansiedade e seus efeitos.

3) Tenha uma agenda – Quando você anota todos os seus  compromissos, você “elimina” esse excesso de carga dos seus pensamentos, ou seja, “libera o espaço” ocupado por tantas preocupações na cabeça e consegue relaxar melhor, além de deixar as ideias mais claras para se organizar.

Caso perceba que mesmo com estas dicas, sua ansiedade persiste de forma a prejudicar sua rotina, procure a ajuda de um psicólogo.

14 de março de 2016

Sabado à vela

 É tão bom partilhar bons momentos com amigos queridos. Um passeio maravilhoso seguido de um belo jantar. Que venham muitos mais, sempre em tão boa companhia. As coisas boas da vida são simples e infinitamente melhores quando partilhadas com quem gostamos.







10 de março de 2016

Saudade


Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido.

(Pablo Neruda) 


 

9 de março de 2016

Conflitos internos


Um ancião índio norte-americano, certa vez, descreveu seus conflitos internos da seguinte maneira:
- Dentro de mim há dois cachorros. Um deles é cruel e mau. O outro é muito bom, e eles estão sempre brigando.

Quando lhe perguntaram qual cachorro ganhava a briga, o ancião parou, refletiu e respondeu:
- Aquele que eu alimento mais frequentemente.
Paulo Coelho


8 de março de 2016

Desabafos de uma mulher que se acha moderna


Um dia – mais vale tarde do que nunca! - elas tinham de perceber o disparate que fizeram. Agora “TOMA!”
Desabafos de uma mulher que se acha moderna ou…. um texto delicioso!

“São 5.30H da manhã, o despertador não pára de tocar e não tenho forças nem para atirá-lo contra a parede. Estou acabada. Não quero ir trabalhar hoje.
Quero ficar em casa, a cozinhar, a ouvir música, a cantar, etc. Se tivesse um cão levava-o a passear nos arredores. Tudo menos sair da cama, meter a primeira e ter de por o cérebro a funcionar.
Gostava de saber quem foi a bruxa imbecil, a matriz das feministas que teve a ideia de reivindicar os direitos da mulher e porque o fez connosco que nascemos depois dela?
Estava tudo tão bem no tempo das nossas avós, elas passavam o dia todo a bordar, a trocar receitas com as suas amigas, ensinando-se mutuamente segredos de condimentos, truques, remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecas dos seus maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, recolhendo legumes das hortas e educando os filhos. A vida era um grande curso de artesãos, medicinas alternativas e de cozinha.
Depois ainda ficou melhor, tivemos os serviços, chegou o telefone, as telenovelas, a pílula, o centro comercial, o cartão de crédito, a Internet!
Quantas horas de paz a sós e de realização pessoal nos trouxe a tecnologia! Até que veio uma tipa, que pelos vistos não gostava do corpinho que tinha, para contaminar as outras rebeldes inconsequentes com ideias raras sobre 'vamos conquistar o nosso espaço' Que espaço?! Que caraças!
Se já tínhamos a casa inteira, o bairro era nosso, o mundo a nossos pés?!
Tínhamos o domínio completo dos nossos homens, eles dependiam de nós, para comer, vestirem-se e para parecerem bem à frente dos amigos e agora?
Onde é que eles estão?! Nosso espaço?!
Agora eles estão confundidos, não sabem que papel desempenham na sociedade, fogem de nós como o diabo da cruz.
Essa piada..., acabou por nos encher de deveres. E o pior de tudo acabou lançando-nos no calabouço da solteirice crónica aguda!
Antigamente os casamentos eram para sempre. Porquê?
Digam-me porque é que, um sexo que tinha tudo do melhor que só necessitava de ser frágil e deixar-se guiar pela vida começou a competir com os machos?
A quem ocorreu tal ideia?
Vejam o tamanhão do bíceps deles e vejam o tamanho dos nossos!
 Estava muito claro que isso não ia terminar bem.
Não aguento mais ser obrigada ao ritual diário de ser magra como uma escova, mas com as mamas e o rabo rijos, para o qual tenho que me matar no ginásio, ou de juntar dinheiro para fazer uma mamoplastia, uma lipo, ou implantes nas nádegas... Alem de morrer de fome, pôr hidratantes, anti-rugas, padecer do complexo do radiador velho a beber água a toda a hora (esta me tocou) e acima de tudo ter armas para não cair vencida pela velhice, maquilhar-me impecavelmente cada manha desde a cara ao decote, ter o cabelo impecável e não me atrasar com as madeixas, que os cabelos brancos são pior que a lepra, escolher bem a roupa, os sapatos e os acessórios, não vá não estar apresentável para a reunião do trabalho.
E não só, mas também ter que decidir que perfume combina com o meu humor, ter de sair a correr para ficar engarrafada no transito e ter que resolver metade das coisas pelo telemóvel, correr o risco de ser assaltada ou de morrer numa investida de um autocarro ou de uma mota, instalar-me todo o dia em frente ao PC, trabalhar como uma escrava, moderna claro esta, com um telefone ao ouvido a resolver problemas uns atrás dos outros, que ainda por cima não são os meus problemas!!! Tudo para sair com os olhos vermelhos - pelo monitor, porque para chorar de amor não há tempo!
 E olhem que tínhamos tudo resolvido, estamos a pagar o preço por estar sempre em forma, sem estrias, depiladas, sorridentes, perfumadas, unhas perfeitas, operadas, sem falar do currículo impecável, cheio de diplomas, de doutoramentos e especialidades, tornámo-nos super-mulheres mas continuamos a ganhar menos que eles e de todos os modos são eles que nos dão ordens!
Que desastre!
Não seria muito melhor continuar a cozer numa cadeira? Basta!
Quero alguém que me abra a porta para que possa passar, que me puxe a cadeira quando me vou sentar, que mande flores, cartinhas com poesias, que me faça serenatas à janela!
Se nós já sabíamos que tínhamos um cérebro e que o podíamos utilizar para quê ter que demonstra-lo a eles?
Ai meu Deus, são 6.10H, e tenho que levantar-me da cama … estou atrasada para variar, não vou conseguir estacionamento…
Que fria está esta solitária e enorme cama! Ahhhh... Prefiro ter um maridinho que chegue do trabalho, que se sente no sofá e me diga: Meu amor traga-me um whisky por favor? Ou: O que há para jantar?
Porque descobri que é muito melhor servir-lhe um jantar caseiro do que atragantar-me com uma sanduíche e uma Coca-Cola light enquanto termino o trabalho que trouxe para casa. Pensas que estou a ironizar ou a exagerar?
Não minhas queridas amigas, colegas inteligentes, realizadas, liberais....E idiotas!
Estou a falar muito seriamente: ABDICO DO MEU POSTO DE MULHER MODERNA!!!
 E DIGO MAIS:
A maior prova da superioridade feminina era o facto de os homens se esfalfarem a trabalhar para sustentar a nossa vida boa!
Agora somos “iguais” a eles! …”
 Anónima


7 de março de 2016

Sou o que quero ou o que os outros querem?


Jung escreveu: A triste verdade é que a vida humana consiste num complexo de opostos inseparáveis. Dia e noite, nascimento e morte, felicidade e miséria,bem e mal. Nem sequer estamos perto de que o bem superará o mal ou a alegria derrotará a dor.

Todos vivemos numa luta permanente entre os nossos anseios mais ou menos profundos e o que a família e a sociedade esperam de nós.Esses dois desejos opostos provocam ansiedade quando não sabemos a quem atender. Se por um lado precisamos dessas regras culturais para uma sã convivência em sociedade por outro lado isso impede-nos muitas vezes de lutar pelo que queremos com medo do confronto, aceitando e acomodando-nos ao que os outros querem.

Para reflexão, observe esta lista de valores paradoxais: 
 
Valores que desejo
Valores que a família, a religião e a sociedade exigem
Sucesso
Humildade
Gula
Jejum / Moderação
Alegria
Dor (crescemos num momento de dor)
Facilidade
Sacrifício e Dificuldades
Sexo
Celibato / Monogamia
Dinheiro
Pobreza (nos leva para o céu)
Felicidade na terra
Felicidade nos céus
Trabalhar é prazer
Trabalhar é obrigação
Não fazer nada
Sempre fazer algo
Dizer não
Dizer sim
Ter privacidade
Deixar-se invadir
Eu sou o mais importante
O outro é o mais importante
Eu me amo
Amo o próximo
Ter liberdade
Obedecer às autoridades e aos mais velhos.
O último pedaço de pizza é meu
O último pedaço de pizza é seu
Falo o que quero
Sou bonzinho para agradar
Tenho os meus desejos
Criança não tem querer
Gasto muito agora
Economizo para o futuro
Aventura
Segurança
Eu me trato da melhor maneira
Trato as visitas melhor que a mim
Faço o que quero
Obedeço
Dormir até tarde
Acordar cedo (Deus ajuda quem cedo madruga)
Ir ao parque de diversões
Ir à igreja

Guardar bens
Dar (vender tudo para doar aos pobres)
Possuir para gastar
Dar tudo aos necessitados

O difícil é encontrar um equilíbrio relativo entre aquilo que o seu coração anseia e o que os outros desejam. Mas só se é feliz quando se luta pelo que se quer.


2 de março de 2016

Ser forte



 Era uma pessoa forte. Houve uma altura em que tinha força de vontade, em que era capaz de tudo,ou quase tudo, a que me propusesse, de correr 10 km antes do pequeno almoço ou de viver de 1500 calorias durante semanas e semanas, sem desistir face a nada ou ninguém. Era uma das coisas que o meu ex marido admirava em mim,dizia ele, a minha obstinação, a minha força. Lembro-me de uma discussão, já bem perto do divórcio, em que ele me perguntou onde estava a minha força, quando é que me tinha tornado tão fraca, quando é que aprendera a desistir. Não sei para onde foram as minhas forças, não me lembro de as ter perdido ou sequer de as procurar, só me lembro da sensação de derrota permanente, de não ser suficientemente boa ou capaz. Acho que as fui perdendo aos poucos, com as derrotas e dificuldades da vida, com as agruras que vivi, pelo simples facto de existir.

Este desabafo, ouvido no decorrer de uma sessão de psicoterapia, fez-me pensar, muito.
Há pessoas que por não serem ou não se sentirem amadas e apreciadas vão perdendo aquela sensação de segurança que eventualmente um dia sentiram. Se os nossos pais nos amaram, acreditaram em nós, nas nossas potencialidades e capacidades, construímos uma forte auto estima e a tal força interior que parece indestrutível. Mas, se ao longo da vida, nos rodearmos de pessoas que não nos valorizam, que não nos fazem sentir únicas e especiais, que nunca nos dizem nada de positivo e só nos deitam abaixo, vamos perdendo, aos poucos, a capacidade de resiliência e, um dia, quando damos conta, estamos sem forças, derrotadas,como a S.

Não ponham a vossa vida na mão de ninguém, não dêem a alguém tanto poder que a vossa vontade fica sem vontade de viver e ser feliz. Cuidem-se!


1 de março de 2016

Cuidado com as palavras


Certa vez, um homem tanto falou que seu vizinho era ladrão, que o vizinho acabou sendo preso. Algum tempo depois, descobriram que era inocente.
O rapaz foi solto, após muito sofrimento e humilhação, e processou o homem que o acusara.

No tribunal, o homem disse ao juiz:
__ "Comentários não causam tanto mal."
E o juiz respondeu:
__ " Escreva os comentários que você fez sobre ele num papel. Depois pegue o papel e jogue os pedaços pelo caminho de casa. Amanhã, volte para ouvir a sentença!"
O homem obedeceu e voltou no dia seguinte, quando o juiz disse:
__ "Antes da sentença, terá que catar os pedaços de papel que espalhou ontem!"
__ "Não posso fazer isso, !" - respondeu o homem.
__ "O vento deve tê-los espalhado por tudo quanto é lugar e já não sei onde estão!"
Ao que o juiz respondeu:
__ "Da mesma maneira, um simples comentário que pode destruir a honra de um homem, espalha-se a ponto de não podermos mais consertar o mal causado.
Se não se pode falar bem de uma pessoa, é melhor que não se diga nada!"
Sejamos senhores de nossa língua, para não sermos escravos de nossas palavras.