18 de novembro de 2014

Meu filho, meu orgulho!

Aqui fica a história do teu nascimento que começa em novembro de 1992, um ano antes de conheceres o mundo.
Foste fruto de um desejo enorme de voltar a sentir as delicias de ser mãe e a tua concepção foi do mais planeado que pode haver. A Mónica tinha já 4 anos, eu estudava e trabalhava e tinha muita vontade de ter outro filho o mais cedo possível. Não queria esperar mais tempo porque não queria que houvesse muita diferença de idades entre os irmãos e desejava muito um rapaz.
Com estas variáveis, resolvi planear tudo ao pormenor, desde os alimentos ingeridos para favorecer o rapaz, até à data exacta em que teria de engravidar para que nascesses em Novembro. As aulas terminavam em meados de Dezembro para férias de Natal. Em Janeiro e Fevereiro haveria férias para preparação das frequências e apenas teria que voltar às aulas em março. Portanto, final de Novembro era a data ideal para te ter porque poderia ficar em casa contigo, acompanhar-te nos primeiros meses e amamentar que era algo que sempre fiz questão de fazer.. Também queria muito receber epidural e ter, desta vez, um parto tranquilo, sem o sofrimento e a angústia do primeiro. É como sempre digo, se fossem os homens a ter filhos, já há muito que havia partos sem dor. Não entendo essa necessidade de se parir na dor quando tudo pode ser vivenciado de forma muito mais presente e sentida.Quando revelei os meus planos ao obstetra a cara de espanto que ele fez foi impagável e respondeu - Isso não é bem assim, pensa que é atar e pôr ao fumeiro? Epidural? - Não garanto, não funciona assim. Mas foi, correu tudo exactamente como tinha planeado. A gravidez foi santa, sem sobressaltos de qualquer espécie e vivida com muito amor. Fui muito mimada e tu muito desejado.
Na data marcada lá fui, preparada tanto quanto se pode estar numa situação destas e correu tudo como queria. Parte da dilatação feita, a bendita da epidural e tudo o resto foi mágico.. senti,vi, colaborei, amei cada segundo do teu nascimento. Se fechar os olhos sou transportada ao primeiro olhar, aquele que nos liga para sempre ao coração de um filho; ao primeiro toque, o toque da descoberta de um corpo que será sempre um pedaço do meu coração; ao primeiro cheiro, doce, tranquilo, de céu e mar. Se o amor tivesse cheiro de certeza que cheirava ao de um filho acabado de nascer. São lembranças únicas que não se apagam jamais da memória emocional e sensitiva de uma mãe. Nasceste com ânsia de mundo, desperto para o que te rodeava, curioso em relação a tudo. Olhos enormes de espanto, com fome de alimento e vida. Passaste a noite a chorar e foi só quando da primeira visita ao querido Dr. Sabino que descobrimos que tinhas partido a clavícula direita durante o parto, graças às três circulares e à necessidade de nasceres rapidamente, e foi exatamente sobre esse lado que te deitei para poder olhar para ti e contemplar deslumbrada. Não admira que chorasses tanto. Foi também nessa primeira consulta que o pediatra vaticinou o teu 1,80 em adulto. Ficámos naturalmente espantados mas o homem sabia da poda e não se enganou nada. E hoje és um homem bonito, bem diferente daquele pequeno e amoroso ET, cabeça grande e orelhas salientes, olhos enormes, sempre esbugalhados e um corpo pequeno e magro, demasiado precoce na parte motora e com alguma preguiça na parte da linguagem e do raciocínio  abstrato. Andaste com nove meses e até fazia impressão ver um bebé tão pequenino e franzino, com perninhas de alicate a andar, sempre com a famosa fralda de rastro. Era um nojo aquele vicio da fralda na boca. E estas tendências precoces mantiveram-se pela vida fora, agitado, mexido, inquieto, sempre em movimento, a pular, a saltar e pouco dado a programas que exigem de ti concentração e quietude. Para ti não dá, ou há movimento ou é uma seca. És brilhante em tantas coisas e com uma capacidade ímpar que desperdiças porque não canalizas energias para o que é importante. Essa necessidade inesgotável de mundo, de descoberta, de novidade, de gente é a tua característica mais marcante. Sempre assim foi e acredito que sempre assim será. Depois veio a escola e a tendência manteve-se, és perspicaz, inteligente, criativo (principalmente para a asneira), com grande poder de argumentação, mas pouco aplicado e muito desorganizado e desarrumado. Acredito que é mais preguiça que outra coisa, mas que são hábitos irritantes, isso são. Hoje, estás um Homem mais calmo, doce, com uma grande necessidade de toque, que adora gomas, o Sporting e abraços e a quem me orgulho de chamar filho.



 

 





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