4 de março de 2015

A mulher perfeita


Nasrudin conversava com um amigo:

– Então, Mullah, nunca pensaste em casamento?

– Muito. – respondeu Nasrudin – Em minha juventude, resolvi conhecer a mulher perfeita. Atravessei o deserto, estive em Damasco e conheci uma mulher espiritualizada e linda; mas ela não sabia nada das coisas do mundo. Continuei a viagem e fui a Isfahan; lá encontrei uma mulher que conhecia o reino da matéria e do espírito, mas não era bonita. Então resolvi ir até o Cairo, onde, finalmente, jantei na casa de uma moça bonita, religiosa e conhecedora da realidade material.

– E por que não casaste com ela?

– Ah, meu companheiro! Infelizmente ela também procurava um homem perfeito.

 (Paulo Coelho)


O problema deste cavalheiro era a demasiada idealização do objecto de amor. Não é errado ter uma ideia de quem se deseja para parceiro, fazer listas mais ou menos conscientes e elaboradas das características que se procura no outro, mas quando a idealização é extrema corre-se o risco de nunca ninguém ser suficientemente bom. 

A idealização, como o nome indica, é a busca do ideal, da perfeição, e é claro que perfeição não existe. A idealização mais não é do que atribuir aos objectos de apego (leia-se, as pessoas de quem gostamos) apenas características positivas e não conseguir ver para além disso. 

Toda a gente tem qualidades e defeitos e quando se ama, ama-se o todo e não apenas determinadas partes. O importante é aceitar o outro e procurar compreende-lo na globalidade. E achar que a galinha da vizinha é sempre melhor que a minha leva a sentimentos de insatisfação e infelicidade permanentes. É importante que se lembrem do que vos fez apaixonar por determinada pessoa e não estar a olhar em volta à procura de algo melhor ou a saltar de relação em relação porque parece que a próxima é que é. Quando isso acontece, normalmente estamos perante pessoas inseguras e imaturas e quase sempre perante demasiada idealização.


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