18 de junho de 2014

Fugir da raiva

 

Há pessoas que se sentem de tal forma invadidas e ameaçadas pelos sentimentos negativos que têm que acabam por os anular, fingindo que eles não existem, e contribuindo dessa forma, de maneira inconsciente,  para o aparecimento de vários problemas relacionais.

É preciso aceitar que os sentimentos de zanga, raiva, ódio, rancor, desprezo, etc, existem, fazem parte da natureza humana, do espectro de sentimentos e podem eventualmente aparecer numa qualquer ocasião e isso não transforma a pessoa que os sente em má pessoa. Isto é, não é por sentirmos algo de menos bom que somos maus.

Quando não se aceita a zanga ou a raiva, por exemplo, há uma tendência para evitar conflitos, discussões e evitar as diferenças porque há a sensação de que se a raiva surgir, alguém vai sofrer e essa pessoa pode até ser o próprio. Numa relação esta atitude é muito desgastante. Um dos conjugues evita a discussão, o confronto e finge que está tudo bem. Confia que essa táctica evitará problemas futuros e esquece-se de perceber o que está a fazer a si próprios. Quando fingem estar tudo bem, acabam por recalcar o sentimento negativo e isso provoca ressentimento em relação ao outro, sensação de que se é vitima e que a relação é de alguma forma desigual porque um é o bonzinho e o outro o mau, um está certo e o outro errado. Se se revêm nesta descrição, é importante que percebam que essa não é de todo a melhor postura e que é preciso que mudem. Para dar a volta a isto são necessárias duas coisas.

  •  que o indivíduo que finge, deixe de o fazer e comece a exprimir o que realmente sente e pensa.
  •   que o companheiro entenda que quando ele começar a verbalizar, vai fazê-lo de uma forma pouco hábil, no inicio, vai dizer o que quer e o que não quer, sem filtro, porque não tem treino e não deve ser criticado por isso.

Se estas duas premissas acontecerem é provável que possamos trabalhar na recuperação da pessoa e da relação. Quando o sujeito perceber que o companheiro não o deixa por ele dizer o que sente, a confiança no outro e na relação cresce e mais probabilidades há de se repetir o comportamento no futuro até que ele se torne um hábito porque percebe que não há assim tanto dano como ele imaginou


A experiência diz-me que não são as diferenças que nos afastam mas sim a forma como lidamos com elas. Fingir que não existem diferenças e tentar evitar discussões não é a forma mais saudável de viver.

Lembrem-se que o diálogo permite perceber, desmontar a diferença entre os elementos do casal e não deve ser causa de distanciamento porque provavelmente foi a diferença que vos atraiu em primeiro lugar.

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