25 de julho de 2014

Luísa

Vi-te e gostei de te poder ver, beijar e abraçar, ainda que com imensa cautela para não te magoar.
Vi-te e não gostei de te ver frágil, magra, amarela, doente, mas reconheci no teu olhar a bondade imensa e a alma pura que sempre te reconheci.
Sempre foste linda, loira e de olhos azuis (não que isso tenha grande importância porque não tem mesmo nenhuma), mas eras linda, não há como nega-lo. Cara de boneca, elegante e distinta, postura de princesa e lindíssima, mas a tua verdadeira beleza não é essa, é a beleza interior. És a pessoa mais doce, ternurenta, compreensiva, tolerante e sem maldade ou inveja que conheço. Nunca te ouvi dizer mal de ninguém, nunca te ouvi zangada com a vida, nunca te vi expressar qualquer sentimento negativo. És um exemplo. Um exemplo de vida. Um bom exemplo! Se o mundo tivesse meia dúzia de Luísas seria, com toda a certeza, um pouco melhor.
És distraída, às vezes com algumas atitudes de criança despassarada, que sempre achei propositadas, e que só estão ao alcance das pessoas inteligentes, a quem dá jeito parecer que não o são. És cómica, com um estilo de humor muito peculiar e que não está ao alcance de qualquer um e muito disciplinada. Extremamente organizada, com as manias das limpezas e arrumações, boa mãe, irmã, mulher, nora, sogra, madrasta e AMIGA.
Foste para mim, numa altura complicada da vida, apoio, conforto e modelo a seguir - se tinhas conseguido seguir em frente e eras feliz eu também o poderia conseguir. Nunca me recusaste um café, uma conversa, uma oração, um conselho, um abraço. Estiveste sempre presente quando te pedi e, mesmo à distância, sempre senti o teu amor. Ser-te-ei eternamente grata por isso e pelo muito que contigo aprendi.. E não estou habituada a ver-te assim, frágil e doente. E dói. E massacra. E entristece-me sentir a impotência perante o teu sofrimento. A vida tem destas coisas, é muitas vezes injusta e dá tamanhas cruzes a quem não as merece de todo.
Vão dizer-te que tens de ser forte, que tens de ter coragem, que tens de fazer isto e deves pensar aquilo, que tens de agir assim e sentir assado mas sabes uma coisa, aqui que ninguém nos ouve, não tens nada nem deves nada nem precisas de fazer nada, Faz o que entenderes, sente o que precisares de sentir, age como te apetecer agir, grita, chora, ri, explode, insulta. Não há regras na doença nem manuais para seguir, por isso sê apenas tu própria e vive, vive cada dia como viveste todos os outros, com determinação e bondade, com fé e amor e acredita que tens à tua volta todo o amor que ao longo da vida semeaste, apenas porque mereces.

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