21 de julho de 2014

Ouvir sem escutar


Em contexto de terapia, aparecem muitas vezes casais para aconselhamento matrimonial como último recurso para salvarem a relação. Depois de definir o problema, percebemos que o foco está muitas vezes numa deficiente comunicação.

Há pessoas que embora falando a mesma língua, não têm a mesma linguagem. Ás vezes, parece mais fácil a comunicação entre pessoas com línguas diferentes do que entre aquelas que têm uma língua comum. Quando estamos com alguém que não fala o mesmo idioma que nós, ouvimos e escutamos, damos atenção aos detalhes, à linguagem secundária, questionamos o nosso interlocutor, perguntamos o significado de determinada palavra ou expressão, procuramos perceber realmente o que o outro quer dizer e, dessa forma, estamos mais capazes de entender o que o outro está a querer realmente transmitir, muito além do que é dito verbalmente.
 
Pelo contrário, quando dialogamos com quem fala a nossa língua, temos tendência para deixar de escutar, ouvimos, interpretamos levianamente e depressa achamos que já percebemos tudo. Muitas vezes não procuramos realmente compreender o significado por detrás do que foi dito, não descodificamos a mensagem e isso é um grande obstáculo numa relação.

Quando o casal enfrenta dificuldades de comunicação deixam  de partilhar e é muitas vezes já em situação de pré rutura que procuram apoio psicológico. Aí, cabe ao profissional abrir vias de comunicação, descodificar conteúdos, restabelecer padrões quebrados ou estabelecer novos, traduzir a linguagem e verificar com cada um dos membros do casal separadamente ou com  ambos em simultâneo se aquela relação ainda pode ser restaurada e se vale ou não a pena lutar por ela.

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