6 de maio de 2015

Primeiro treino ao ar livre


 
Fiz o meu primeiro treino outdoor, (assim mesmo em estrangeiro e tudo que é mais fino), que é como quem diz fora de portas, ao ar livre, sem estar fechada entre quatro paredes de um ginásio cheio de gente e com o ar condicionado meio marado. E só vos digo que nunca pensei estar tão mal preparada para o que se seguiu.
Ía fresca e airosa, na presunção que iríamos conversar, fazer uma pequena avaliação física e combinar o futuro. Tudo certo, sem stresses de maior.

Conversa feita, iniciámos, calmamente, uma série de exercícios que serviriam para avaliar o nível de execução. Corre um pouco, flecte aqui, estica ali, salta, corre de novo, flexões de braços, agachamento, sobe escada, desce escada, mais uns saltos e nova corrida. Menos mal! Tudo certinho, em velocidade moderada, sem esforço de maior, a que se segue um agachamento estático sem fim à vista - é até morrer, diz o PT - quero que me digas numa escala de 0 a 10 a intensidade da dor e quando chegar ao 10 aguentas mais 5 segundos. Foi bonito, foi. O rabo caía, as costas curvavam, a cabeça inclinada para a frente, os ombros fora do sitio e o fulano a emendar, levanta o rabo, endireita as costas, olha a cabeça, ombros para trás, contrai a barriga, aperta o rabo, e os músculos a arderem, arderem, arderem. Toda eu pegava fogo, ao mesmo tempo que tinha de avaliar intensidade de dor, 5, 7, 9, 10.. e a voz do sargento, dói?... arde?... aguenta, aguenta... descansa! Porra, que dor! Por esta altura já me apetecia acabar o treino e o maldito homem diz. Pronto, acabámos o aquecimento. Hã! What? Isto foi só aquecimento? Vai ser lindo, vai!



Seguiu-se o treino funcional propriamente dito, um treino que usa o peso do corpo, em movimentos do dia a dia mais exagerados, que trabalha a força muscular, a flexibilidade, o sistema cardiorrespiratório, a coordenação motora e o equilíbrio, tudo isto executado em alta intensidade. Foi composto por 8 exercícios, (agachamento; salto à corda de pés juntos; salto à frente com agachamento e dois saltos atrás; mountains climbers; lunges com salto; salto à corda de novo; burpees;  e o último  de que já nem me lembro)  num pequeno circuito contínuo de 1 minuto de exercício e 30 segundos de descanso.
Pi, sinal de inicio.. Pi, terminou... Pi, inicia... Pi, termina... Pi,... Pi,... Pi.... Maldito relógio. Cala-te!  No final mal ouvia o apito.
Lá fui fazendo com muito esforço. O meu pior pesadelo convertido em PT. Saltos e mais saltos, pouco tempo de descanso e inspira, expira, inspira, expira. Perto do final a mente desliga e já nem sei respirar. Na verdade só arfava, o peito a arder, o coração a bater a mil e aquela sombra negra a aproximar-se dos olhos. Só me apetecia bater-lhe mas na verdade nem força tinha para isso. O que queria  mesmo era ver o fim daquilo e ir-me embora. Nos burpees já as pernas se recusavam a saltar e me falhavam salto sim, salto sim. Olhei para ele e implorei que terminasse a tortura. Não pára, vamos, não pára, só falta um! - Foi a resposta que me chegou, gritada, lá muito ao longe. Eu a tentar e o corpo a recusar-se a fazer. Estão a ver aqueles filmes com o sargento a gritar aos fuzileiros. Pois! Assim estava o meu treino, pelo menos foi o que me pareceu.

Terminámos com os alongamentos, despedi-me e quando me voltei para regressar vi que três degraus me separavam do objectivo de voltar para o carro. Eram três míseros degraus, mas naquele momento eram um obstáculo impossível de transpor. Toda eu tremia e as pernas negaram-se áquele último esforço. Derrotada, sentei-me no primeiro degrau e esperei que as forças voltassem. Volta, Carlota, estás perdoada!


4 comentários:

  1. Coragem Sandra! são só os primeiros treino já já o corpo adapta-se é por isso que é bom mudar, nem que seja da voz de comando! abraços e bons treinos! e como eu disse vou andar sempre atenta a sua evolução!

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    1. Ai minha querida, nem sabes a tortura. O tempo todo aos saltos e sem tempo de descanso digno desse nome, foi de loucos, fiquei feita num oito. Obrigada pelo apoio e por estares aí. Beijinhos

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  2. hihihhihh achei tanta graça a este artigo hehehehe mas já me senti assim, é bem diferente termos alguém que não nos deixa parar, mesmo que doa tudo!!!
    beijinhos linda

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    1. Levei uma valente tareia, foi o que foi, e o fulano sem parar, sem dó nem piedade. Beijinhos

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