3 de maio de 2015

Ser mãe


Desde cedo que quis ser mãe, que essa condição me fascinou.
Nunca fui a típica menina que gosta de cor de rosa, lacinhos, penteados mais ou menos elaborados, saias aos folhos e pinturas nas unhas e nos olhos. Nunca sonhei com o dia que o meu príncipe me levaria ao altar num vestido branco, de véu e grinalda. Nunca sonhei com o casamento, mas sempre soube que queria ser mãe. E, desde que me lembro de pensar sobre as coisas da vida,. (sim, porque desde miúda que reflicto sobre isso... )  a única certeza que tinha é que seria mãe.
Sabia bem que tipo de mãe seria e, principalmente, o que nunca faria. Desde cedo que no meu íntimo sabia que nasci para ser mãe. Ter filhos foi o meu grande projecto de vida. Aquele em que mais me empenhei e pelo qual mais lutei. Fui mãe cedo para os padrões actuais. Aos 22 anos já tinha um coração fora do peito.
Ser mãe foi uma alegria imensa. Partilhar chão, curiosidades, saberes, noites, o toque da pele e o cheiro doce a mar que só um filho bebé tem. Ver e mais importante ainda, sentir um amor sem tamanho, admiração pelo acto de criar algo tão belo, tão único. tão perfeito. Ainda hoje, olhando para trás, consigo sentir o deslumbramento que é ter um filho. São momentos inesquecíveis. Um filho que mama e olha para nós com total entrega. Um ser frágil que de nós depende e para o qual passamos a viver sem limites. Uma curiosidade intensa e contínua que nos obriga a estar permanentemente alerta. Ser mãe foi uma descoberta, uma aprendizagem constante mas foi algo intrínseco em mim.
Não me lembro de ter tido grandes dificuldades em saber gerir os primeiros anos, as primeiras dores, febres e doenças, as primeiras aprendizagens. Era algo que fazia naturalmente, sem dúvidas, sem medos. Sempre soube bem o que queria e como queria fazer e o que não sabia aparecia quase como por geração espontânea. Senti-me sempre extremamente segura no pape de mãe e preparada para ele. Cada filho tem as suas características próprias e as exigências de um não são iguais às necessidades do outro e, como tive filhos, com idades bem diferentes, sempre exigiram de mim coisas e posturas distintas. Ser mãe continua a ser um desafio mas é fantástico.
Agora, outra etapa se avizinha e curiosamente para esta não me sinto tão preparada. Os pardalitos estão a deixar o ninho e a ansiedade da separação toma conta de mim. Sei que sofro por antecipação e que quando a hora chegar tudo vai estar já interiorizado, digerido e devidamente arrumado, mas até que o dia chegue inúmeras questões me passam pela cabeça e as dúvidas sobre a vida que os espera e a felicidade que conseguirão ou não construir assolam-me. É com expectativa que aguardo esse dia e por agora só sei que quero ser o porto de abrigo a que podem recorrer e voltar quando disso precisarem. Amo-os a todos com igual intensidade mas de formas tão diferentes. São todos especiais, cada um à sua maneira. São a minha vida.


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