15 de maio de 2014

Suicídio

 

O suicídio é uma temática assustadora. Todos querem saber, se há sinais de aviso, se os potenciais suicidas dão ou não a atender no que estão a pensar levar a cabo, se temos ao nosso lado alguém em risco e não nos apercebemos disso e, mais importante de tudo, se é ou não possível evitá-lo e como.

 Há vários pontos de vista em relação a isto e aqui, como em muitos outros assuntos, quase se pode dizer que a cada cabeça sua sentença, tantos os argumentos usados, muitos deles contraditórios.
Quase todos nós já tivemos contactos com o suicídio quer duma forma directa quer indirecta, já todos lemos noticias acerca desta ou daquela figura pública que se suicidou  e acredito que o que  a maioria de nós mais teme é que aconteça com alguém com quem nos relacionamos, familiar ou amigo, e não tenhamos estado suficientemente despertos para os sinais de alerta.

É comum ouvirmos dizer, que quem está com intenções de se matar não avisa e quem apenas quer chamar a atenção para si ou para uma determinada situação, fala sobre o assunto, ameaça. Este é um dos grandes mitos da psicologia, defendido e aceite quase genericamente por todos, e diz que o verdadeiro suicida, aquele que tem de facto intenções de ser bem sucedido quando o praticar, não avisa, não dá qualquer sinal.

É um mito, e como tal, falso, e perigoso porque nos leva a desvalorizar situações de perigo real. Eu aconselho que se dê sempre atenção a qualquer sinal ou exteriorização de vontade porque nunca sabemos quando é que o que nos estão a dizer vai ou não ser passado ao acto. Na dúvida, salvaguardamos a intenção e tomamos precauções.

Expressões como "não devia ter nascido", " estou farto de viver", " não faço falta a ninguém", "qualquer dia acabo com isto", e outras do mesmo teor, devem pôr-nos alertas em relação a quem as pronuncia. É claro que todos nós já as proferimos uma ou outra vez quando a fase de vida que atravessamos é menos positiva e têm portanto de ser contextualizadas, mas não custa nada ficar atento, principalmente se a pessoa em questão estiver a passar por uma qualquer situação de perda, afectiva, laboral, de auto estima ou monetária porque toda a perda é potencialmente geradora de doença depressiva que é, por sua vez, uma das primeiras doenças mentais associadas ao suicídio

Estudos diversos comprovam que 90% dos casos de suicídios estão relacionados com uma perturbação mental: depressão, doença bipolar, esquizofrenia, alcoolismo ou consumo de drogas  e quando dois ou mais destes factores se juntam, é claro que o risco aumenta.

Outro grupo de risco a ter em conta é o dos adolescentes que estão numa fase de maior  vulnerabilidade, e em que as acções e reacções a acontecimentos negativos são normalmente exacerbados, sendo o suicídio a segunda maior causa de morte entre os adolescentes, logo a seguir aos acidentes.

Assim, se estiver em contacto com alguém que,

- se sinta triste, envergonhado, culpado ou que é um peso para os outros
- se sinta rejeitado, humilhado, vitima
- se sinta sozinho ou abandonado

 estes sentimentos tenham sido desencadeados por,

- divórcio, luto
- doença física grave
- velhice (os idosos são outro dos grandes grupos de risco)
- desemprego ou problemas financeiros
- consumo de álcool ou drogas

e vir um ou mais destes comportamentos,

- consumo excessivo de álcool ou drogas
- serenidade depois de um período de grande agitação e ansiedade
- verbalização do desejo de morrer ou de estar farto da vida
- mudanças nos hábitos alimentares e/ou de sono
- auto mutilação
- diminuição do rendimento escolar
- dificuldades de concentração
- afastar-se da família e dos amigos
- deixar actividades que antes lhe davam prazer
- doar bens ou organizar a vida

Esteja atento e, se necessário, peça ajuda especializada.





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