23 de setembro de 2014

Relações a prazo

Não sei o que anda por aí na água, no ar ou se é apenas por ser setembro e regresso de férias mas parece que os casais que conheço estão a passar por uma má fase: é divórcios a decorrer, separações nem sempre pacificas e crises várias, parece que de repente toda a gente foi atacada por infelicidade, paixões mais ou menos fulminantes, frustrações e rancores vários. Não sei que bicho lhes mordeu mas estou rodeada de casais em dificuldades e lembrei-me de  deixar uma dicas sobre como salvar relações porque as relações merecem ser salvas, merecem que nos esforcemos por elas, a família continua a ser um pilar importante e, quando há filhos, é dever dos progenitores tudo fazer para recuperar a harmonia antes de tomarem uma decisão impulsiva para que no futuro não haja traumas e arrependimentos.

Já estou a ouvir uns quantos reclamarem destas minhas palavras e dizerem: " Então, e as pessoas, não merecem ser felizes? Se estão mal ou insatisfeitas não merecem procurar a felicidade noutro lado, com outra pessoa?"

Claro que sim, toda a gente merece ser feliz e se não o são podem e devem mudar e procurar algo que as complete. Apenas alerto para as decisões precipitadas, para os ataques de paixonite aguda, para a fantasia desenfreada porque parece que actualmente as pessoas vivem demasiadamente centradas em si, em relações descartáveis, parece que ninguém quer sofrer ou esforçar-se por trabalhar a dois, em casal, quando as coisas arrefecem. Parece que  ninguém está preparado para as crises que inevitavelmente qualquer relação atravessa. Ninguém se quer sentir frustrado, não há resiliência, não há paciência para a mudança dentro de casa e esquecem-se que quando assumiram determinado compromisso o assumiram para a vida, para os bons e maus momentos, para a saúde e para a doença, para a rotina e o desamor. Sim, porque não se iludam, essas coisas fazem parte das relações, não esperem que seja sempre tudo cor de rosa, que o nível de enamoramento seja elevado e sempre constante e que não apareçam ao virar da esquina coisas (leia-se pessoas) que à primeira vista parecem melhores. É  a velha história da galinha da vizinha ser melhor que a minha. Corre-se atrás de ilusões, de fantasias, de idealizações e esquece-se da família, esquecem-se os projectos que a dado momento se quis construir com alguém que se escolheu, há alguns anos atrás, para companhia desta aventura que é a vida.

Quando uma relação acaba nunca é fácil para ninguém. Não é fácil para quem decide acabar nem para o outro, aquele que não decidiu nada e se viu perante uma decisão final e, de certeza, não é de todo fácil para os filhos, tenham eles a idade que tiverem. Parece que vivemos todos na era das relações a prazo. Queremos estar apaixonados mas não nos queremos esforçar para que isso aconteça sempre pela mesma pessoa, não queremos ter trabalho porque lá está, isso dá trabalho e há ainda a ideia de que a paixão e o amor não devem ser forçados, que para serem verdadeiros têm de surgir de forma espontânea.Que podemos, então fazer, quando há crise no casamento?

 1- Comuniquem - sem comunicação não é possível evoluir.
 Falem com o vosso parceiro sobre o que sentem, o que querem, quais as expectativas que tinham e que saíram goradas, os medos, as diferenças. Embora compreenda que há momentos na vida em que se possam sentir tão assoberbados, tão cheios de pensamentos negativos, tão sozinhos e perdidos que o que menos querem é comunicar, é importante dizer ao outro o que sentem, é importante a verbalização. Acredito que, devagarinho, se se disponibilizarem a isso, é possível fazê-lo e vão conseguir, assim ambos o desejem. Se recorrerem a ajuda especializada esse processo é mais orientado e mais rápido mas se o fizerem sozinhos também é possível. Saibam que a verbalização é uma forma de organização de ideias, que são os pensamentos que orientam as emoções e não o inverso. Por isso, se se disponibilizarem a comunicar vão aos poucos perceber que se estão a organizar interiormente e essa organização irá reflectir-se no exterior. O outro precisa desses dados para saber o que deve fazer, como deve estar, o que é esperado dele e, dessa forma, poderá, mais facilmente, ir ao vosso encontro.

2-Façam uma lista do que falhou
É importante que analisem, primeiro separadamente e depois em conjunto, o que está mal. Escrevam uma lista daquilo que mudou, daquilo que não querem que se mantenha igual, do que esperam do companheiro e da relação, que querem no futuro. Se chegaram onde chegaram, provavelmente esqueceram-se de comunicar o que estava mal e chegou agora a hora de se empenharem a fundo nessa tarefa. Perdoem-se e perdoem o outro por não ser perfeito. Não tenham medo de magoar o outro. Não é necessário ser rude ou agressivo, apenas verdadeiro. O outro irá compreender a necessidade do que estão a fazer. Não sejam criticos, não acusem, não julguem, não guardem segredos, sejam honestos, e claros. Não falem com rodeios, não sejam vagos, sejam assertivos Tentem concretizar os vossos pontos de vista com exemplos praticos.É natural que algumas coisas que vão dizer ou ouvir, magoem, mas saibam que é do caos que nasce a ordem. Depois analisem as vossas listas em conjunto. Só percebendo muito bem o que está mal é possivel corrigir e avançar na relação.

3- Percebam bem o que querem
Reflictam sobre os vossos objectivos de vida, as vossas expectativas, em que mudaram, em que é que o outro mudou, que caminhos estão a trilhar e se há ou não possibilidade de esses caminhos individuais se transformarem de novo num caminho de casal.

4- Percebam o que aprenderam com os erros cometidos e como os podem corrigir.
Só assim serão capazes de não os repetir. Não é mau errar, mau é  não aprender com o erro, não tirar conclusões, não tomar consciência da  responsabilidade de cada um. Se aprenderem com os erros, vão crescer, amadurecer.

Todas as relações sofrem desgastes e contratempos, aprendam a trabalhar em conjunto para os ultrapassar e sairão mais fortes e com uma relação mais sólida.

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