2 de março de 2016

Ser forte



 Era uma pessoa forte. Houve uma altura em que tinha força de vontade, em que era capaz de tudo,ou quase tudo, a que me propusesse, de correr 10 km antes do pequeno almoço ou de viver de 1500 calorias durante semanas e semanas, sem desistir face a nada ou ninguém. Era uma das coisas que o meu ex marido admirava em mim,dizia ele, a minha obstinação, a minha força. Lembro-me de uma discussão, já bem perto do divórcio, em que ele me perguntou onde estava a minha força, quando é que me tinha tornado tão fraca, quando é que aprendera a desistir. Não sei para onde foram as minhas forças, não me lembro de as ter perdido ou sequer de as procurar, só me lembro da sensação de derrota permanente, de não ser suficientemente boa ou capaz. Acho que as fui perdendo aos poucos, com as derrotas e dificuldades da vida, com as agruras que vivi, pelo simples facto de existir.

Este desabafo, ouvido no decorrer de uma sessão de psicoterapia, fez-me pensar, muito.
Há pessoas que por não serem ou não se sentirem amadas e apreciadas vão perdendo aquela sensação de segurança que eventualmente um dia sentiram. Se os nossos pais nos amaram, acreditaram em nós, nas nossas potencialidades e capacidades, construímos uma forte auto estima e a tal força interior que parece indestrutível. Mas, se ao longo da vida, nos rodearmos de pessoas que não nos valorizam, que não nos fazem sentir únicas e especiais, que nunca nos dizem nada de positivo e só nos deitam abaixo, vamos perdendo, aos poucos, a capacidade de resiliência e, um dia, quando damos conta, estamos sem forças, derrotadas,como a S.

Não ponham a vossa vida na mão de ninguém, não dêem a alguém tanto poder que a vossa vontade fica sem vontade de viver e ser feliz. Cuidem-se!


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